domingo, 28 de julho de 2013

Rock N' Girl

Human Rights Watch denunciou que houveram 91 casos de assédio sexual na Praça Tahrir desde a explosão dos protestos que começaram no dia 30 de junho e culminaram na queda do ex-presidente egípcio, Mohmmed Morsi.


Por que isso acontece? É só machismo ou o quê? Mulheres são vítimas assédio nas ruas diariamente, então o que há de tão extraordinário? 

Dois anos e meio atrás, quando Mubarak, o ex-ditador foi deposto, havia um sentimento de unidade e equalidade. Cristãos e mulçumanos, homens e mulheres, pobres e ricos estavam todos junto buscando os mesmos alvos, expressos no lema da Revolução: Liberdade, Pão e Justiça Social

Entretanto, Aalam Wassef, coordenador da ONG Operação Anti Assédio Sexual, explica: "Assediadores estão mirando as mulheres com o intento de fazer a Praça parecer ameaçadora e insegura". Reem Labib, voluntária da mesma organização acrescenta: "As mulheres egípcias são alvo de abuso diariamente, entretanto assediadores organizados na praça utilizam a violência para mirar não apenas as mulheres, mas também a revolução. Eles usam tanto a violência fisica, quanto a psicológica contra os manifestantes na praça". 

Há tanto a dizer sobre o assunto, mas eu tenho que começar, esclarecendo que, como uma brasileira, a situação não é muito diferente no meu país natal. As nuances podem ser outras, mas é muito vivo em minha mente o sentimento e o conhecimento de que ser uma mulher no Brasil, não é apenas dificil, mas as vezes também é uma maldição. 

Que fique claro: celebro ser uma mulher e, portanto, aqui vai uma música para a festa: Orianthi é uma excelente guitarrista, cantora e compositora: 


Fonte das citações e informações mencionadas (em inglês): Hands OffAt Least 91 Cases of Sexual Harassment in TahrirUN Women Class for Firmer Stance on Sexual Harassment

domingo, 21 de julho de 2013

Papa & Futebol


Papa Francisco ganhou uma camisa do glorioso Clube Atlético Mineiro de um padre brasileiro. Vem da época da ditadura militar dizer que futebol, religião e política não se discute, mas talvez o papa discorde? 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Foodie 2: A Cor do Verão é Vermelha

Já contei aqui quão fresco, doce e delicioso são as frutas daqui. Uma coisa em especial me impressionou no meu primeiro verão aqui, no ano passado: como o seu prato (ou tigela, ou copo) fica cheio de comida vermelha.

A parte mais impressionante são as cerejas. Cerejas de verdade. Nunca imaginei que eu encontraria cerejas comestíveis que não fossem as feitas de chuchu, coloridas artificialmente e açucaradas, que a gente põe na calda do sorvete, ou as que são enlatadas - e, em Belo Horizonte, normalmente importadas e caras. Cerejas naturais acessíveis só mesmo nos meus sonhos mais secretos - Yvanna, deusa de Arda, trazendo-me uma caixa de madeira élfica e abrindo-a para mim solenemente.

Estas foram as minhas cerejas neste verão:


E aqui estão o que parte delas se tornou - a melhor compota de cereja de todas, sem canela, mas temperada com cardamono e água de rosas (que é mais fácil de achar aqui do que canela... rs), que é imbatível.


E estas são as ameixas. Pra ser bem sincera, eu já comi aqui ameixas melhores do que estas da foto, então eu cortei essas aí e congelei, para que se tornem muffins e bolos mais tarde.


Estas são as uvas. Apenas para comer. =P


E finalmente, este é o chá de hibisco, que você pode tomar gelado (afinal é verão!) - eu tomo gelado com limão. As pessoas aqui dizem que chá de hibisco abaixa sua pressão, o que é uma pena, no meu caso. O chá é delicioso e tudo o que você precisa fazer é jogar as flores secas na água e esperar que soltem a cor e o sabor.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Lá vamos nós

Já acenderam as luzes, botaram decorações na parede e bandeiras coloridas nas ruas.



É Ramadã de novo - começando hoje. Mas sem diário este ano. Você pode conferir o diário que fiz do Ramadã no ano passado, no caso de não saber o que este mês de jejum significa e como afeta o dia a dia. =) Basta clicar em "Diários" ao lado. 



  

domingo, 7 de julho de 2013

Política Com Crianças

Vocé se sente mais confiante quanto ao futuro da humanidade quando você ensina TCKs. É a aula de Estudos Sociais e um estudante expressa sua perplexidade:

- Professora, meu pai me contou que os sírios estão lutando contra os sírios. Eu não entendo. Como pode?

Cinco pares de olhos arregalados. Ninguém nem pisca.

- Bem... você se lembra o que aconteceu aqui há alguns anos atrás, como as pessoas não gostavam do presidente e foram às ruas pedir a ele pra sair.

Todos eles se lembram muito bem. Todos eles viveram o momento - os tempos difíceis, a comemoração por ver um sonho se tornar realidade.

- O povo sírio queria o mesmo lá. Eles não gostavam do presidente e queriam que ele saísse. Mas aqui o presidente saiu, enquanto que lá o presidente se recusa a deixar o poder. Então as pessoas então lutando.

- Minha avó disse que isso não é verdade! - retruca a aluna síria - Nós não podemos acreditar em tudo o que a TV diz, porque eles estão contando mentiras!

- Talvez você possa nos contar o que está acontecendo lá - eu peço.

- Bem, é verdade que muita gente não gosta do presidente e que muitas pessoas queriam que ele saísse, mas também tem gente que gosta dele. - A voz dela fica animada. - Minha avó gosta dele. Nós amamos nosso presidente. A gente quer que ele fique!

- Sério? - Eu sinto como se estivesse ouvindo a maior fofoca histórica do ano.- Então sua família apóia o presidente Assad?

- Sim, nós todos o amamos!

Tento conectar a expressão arrebatadora de afeto de uma garota de 9 anos de idade por um presidente, o qual ela nunca viveu sob seu governo, com o tema mais amplo da nossa matéria:

- Você entende agora porque os sírios estão lutando contra os sírios? Tem gente que quer que o presidente saia. Tem gente que gosta dele, como a família dela. Então, eles estão lutando um contra o outro.

- E agora eles estão tendo uma guerra! - responde meu aluno curioso.

- É, quando as pessoas de um país lutam contra os seus con-cidadãos, nós chamamos isso de Guerra Civil. Isso também aconteceu nos Estados Unidos, quando...

Sinto-me segura, de volta ao conteúdo da matéria e a História do livro didático.

Pobre aluna síria. A maioria dos parentes vive na Síria e, qualquer que seja o lado que eles apoiam, eles enfrentam a truculência de uma guerra que sabemos pouco a respeito. A professora aprendeu duas lições com a aula:

1 - os punks estão certos: nunca confie na impressa;
2 - sempre ouça primeiro àqueles envolvidos nos problemas que você está falando a respeito. 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Maior Vitoria

Tô morando fora, mas não em outro planeta, então eu sei que o Brasil ganhou a Copa das Confederações. Mas sem aquela febre de futebol coletiva e com tanta comoção social e política do lado de cá, fica difícil ficar lá muito animada. 

Essa é a minha foto preferida da vitória: 



Agora, empolgadíssima e super feliz eu fiquei é de saber que meus companheiros & companheiras, irmãos & irmãs resolveram ir as ruas - não dá mais pra ficar calado com tanta corrupção. E aí a gente se vê do lado de cá, dando uma de analista político da situação no Brasil. As pessoas estão curiosas de saber porque os Brasileiros estão tão nervosos. Afinal de contas, especialmente aqui, nosso país é visto como uma das nações mais ricas, tem uma economia que cresce como adolescente bem alimentado e nosso ex-presidente Lula é visto como um modelo a ser seguido pelos presidentes no futuro. 

Chato, mas a gente tem de explicar que não é nada disso: há uma concentração de renda absurda, muita corrupção, impostos altos, serviços péssimos. E explicar que a Copa do Mundo, ao invés de ser um mar de felicidade para uma nação obsecada com futebol, foi a gota d'agua, quando a gente vê que nosso suado dinheiro foi gasto em obras super-faturadas, mas a população nada ganha com os estádios cheirando a plástico novo. 



Na Copa do Mundo estarei aí, torcendo pelo Brasil: por mais dignidade de vida para todos nós. \O/ 

Nesta parte de cá do mundo, o povo egípcio anda celebrando a queda do (ex-) presidente Morsi - dois anos e meio depois de que Hosni Mubarak, ditador por décadas, foi deposto e um ano depois de eleger o próprio Morsi. 


Vendo esta fotografia histórica, fico a pensar qual é a maior vitória para este povo que já tanto sofreu. Aqui o patriarca copta Tawadros II e o Grã-Xeique de Al-Azhar endossam a derrubada de Morsi pelo exército egípcio. A Igreja Copta é a maior denominação cristã no Egito. E Al-Azhar? Bem, Al-Azhar e o centro acadêmico e religioso do mundo mulçumano. 


Peço a licença desse grande e corajoso povo egípcio para dizer que brasileiros & egípcios tem algo em em comum. =P