terça-feira, 31 de julho de 2012

Diário do Ramadã #12


Açúcar vem do Árabe. É verdade. Também é o titulo de um livro didático de Árabe.

Se você vai participar do Iftar com uma família, você provavelmente vai levar algum doce como presente para seus anfitriões. As pessoas aqui amam doces. Eu tenho plena convicção de que o maior luxo é saborear uma sobremesa feita em casa. Mas é a minha opinião e, provavelmente, difere da opinão geral. Quando você passa em frente a uma confeitaria, você vê muitas pessoas saindo com caixas como esta:

 

Esta foi o presente de uma amiga, que veio jantar. :) Muito bacana da parte dela. E o bolo estava delicioso. Eu amo mango e meus bolos e tortas favoritas são os feitos a base de fruta.


Mas... não estávamos quebrando jejum nenhum. :P 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Diário do Ramadã #11


YouTube tem um canal especial do Ramadã. Você pode conferir AQUI.

Você não vai encontrar orações, pregações ou discussões filosóficas. Tudo o que você fai achar é NOVELA. É isso aí: durante o Ramadã novelas e séries especiais vão ao ar. O que é melhor do que ter famílias reunidas para o jantar e, obviamente, assistindo TV junto? :-P

O canal tem novelas de vários países onde os mulçumanos são maioria e, portanto, retrata faces distintas do Norte da África e Oriente Médio - com toneladas de drama. De personagens riquérrimos e elegantes e mulheres em roupas que eu não ousaria usar aqui a dança do ventre e shisha; do estereótipo árabe a verve mais moderna da MTV: você só vai precisar entender árabe, porque não há legendas. Mas mesmo que você não endenda nadinha, vale a pena conferir os primeiros minutos de algumas das novelas, porque eles mostram uma espécie de "cenas principais" com uma música pop/folk ao fundo.

A Globo que fique esperta! [rs] ;-)

domingo, 29 de julho de 2012

Diário do Ramadã #10


Duas ou três semanas antes do mês do Ramadã inciar e as pessoas começarem a se preparar para tal, os preços nos [super] mercados vão as alturas. Todo Iftar é um (mini) banquete, todos os dias as pessoas vão comer horrores e no fim, quando chega o Eid, haverá o banquete e as festas do Eid em todo lugar.

A pior coisa e que os preços não voltam ao normal. Humpf! =( 

sábado, 28 de julho de 2012

Diário do Ramadã #9


A folga acabou. Os leitores estão começando a fazer perguntas e este é o ponto em que eu começo realmente a curtir escrever num blog - quando se pode ter algum tipo de interação. Entretanto, antes de responder as perguntas deles, queria falar sobre o Iftar e os efeitos dele no dia-a-dia. Iftar é a refeição feita para quebrar o jejum ao por do sol.

Ontem eu cheguei quando o sol estava se pondo.


Isto significou que a maioria das pessoas já estavam se aprontando para o Iftar. E as ruas estavam silenciosas, com a exceção de uns motoristas malucos querendo chegar em casa tão logo o acelerador permitisse. Portanto, ao invés de esperar por muito tempo por um taxi ou pagar por uma corrida que poderia me matar antes de chegar em casa, eu decidi que a mala e eu iríamos para casa ...a pé. Fez as minhas costas doerem, mas 20 minutos andando não é nada. Pra cruzar certos aeroportos de ponta a ponta você leva mais tempo do que eu levei. =P 

Hoje, revivi novamente a experiência de jejuar porque eu estava na rua. Na verdade, em museus, mas eu sou uma NERD e sou LOUCA com museus, então eu gastei seis horas em dois lugares e nem consegui ver metade do primeiro. 

Quando eu voltei pra casa, eu precisava comprar comida. A geladeira estava vazia, afinal de contas. O vendedor de pão vem berrando no meu caminho: 3AISH!!!!! 3AISH!!!!! O pão mais gostoso está garantido: o pão local fresquinho ou 3aish baladi na minha mochila. 


O vendedor de bebidas também precisa garantir o pão, jejuando ou não. As pessoas não 'podem' beber nas ruas, mas nada os impede de comprar as bebidas. Muitas bebidas locais são vendidas em carrinhos como este: 


Globosapiens.net é o proprietário desta foto. ;-)

Mas hoje as bebidas foram vendidas em sacolas plásticas, de modo que as pessoas possam levar as bebidas para casa. Um mais para a criatividade. 



Não resisti e tive de comprar uma sacola de bebida de tmar hindi (tamarindo). Bebida escondida na sacola retornável e encontro o fakarraani ("fruteiro") vendendo um tipo de fruta que não conhecia antes de vir pra cá. 


Ele me diz que o nome da fruta é tin. Mas a tradução para isto é figos e esta fruta obviamente não é figos. A casca da fruta é bem espinhenta e o fakarraani tira a casca pra você, vendendo a fruta pronta para o consumo. =) 


As rosas são as mais doces. Tins na mochila e... casa! Afinal de contas, eu preciso de um Iftar para meu jejum involuntário. ;-)

A propósito, você deve ler a transliteração do árabe como em português. E o som de "3" é como um "A" glotal. Então, só leia como um longo "A". =P 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Diário do Ramadã #8

Enquanto isso... o único sinal de Ramadã aqui é a falta de sinais. =)


Mar Vermelho por fora...


 ... e por dentro.  

Tirar uma folga... Como é bom! 

PS: Fonte da segunda foto: http://www.dahab-info.com/images/rasmohmmed.jpg

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Diário do Ramadã #7


Hoje, ainda falando sobre trânsito, um trecho de uma revista chamada "Oasis" num artigo sobre o Ramadã:

[...] é esperado Mulçumanos em jejum não fumem enquanto jejuam. Isto pode levar a sérias consequências em relação aos motoristas [...] já que a insanidade e a fúria nas ruas serão sentidas mais do que o normal [eles] testarão todos os limites da Física enquanto tentam realizar manobras que os participantes da Fórmula Indi babariam nelas. Taxis e ônibus também vão parar de rodar pelo menos meia hora antes do por do sol e se você estiver indo longe, eles provavelmente se recusarão a levar você. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Diário do Ramadã #6


Outra coisa que é bastante afetada pelo Ramadã é o trânsito. O trânsito não e louco em todo o Oriente Médio, mas aqui é um dos mais loucos (acredite se puder, bem mais que no Brasil). Como um amigo bem colocou: as avenidas de três pistas, facilmente se tornam avenidas de cinco pistas.

A última Sexta-feira, o primeiro dia do Ramadã, foi o dia mais tranquilo que testemunhei até agora. Sexta, como mencionei antes, é o equivalente de domingo em países mais cristãos e/ou ocidentais. Então, a manhã de sexta geralmente é tranquila - para os padrões locais, não que eu não gostaria que fosse ainda mais tranquilo (mas, aí, sou em meu amor pelo silêncio e solitude. Meu probema, enfim). Queria que que tivéssemos mais dias como aquele! =)

Felizmente não apenas a sexta foi mais tranquila que o normal, mas enquanto as pessoas estão em casa comendo, a noite, o silêncio reina nas ruas mais uma vez. Imagine que todo mundo está usando as bocas para botar comida pra dentro, ao invés de gritar, conversar, brigar e rir.


Uma rua movimentadíssima de manhã cedo (mas não na Sexta-feira). 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Diário do Ramadã #5

As cores do Ramadã são azul, verde, laranja e amarelo. De 20 a 15 dias que antecede o primeiro dia, as pessoas começam a decorar por dentro e por fora.

Prédios residenciais são decorados:



Assim como as lojas. Algumas delas ficam parecendo enormes tendas (ainda não consegui tirar fotos de uma delas, mas tentarei ainda no futuro):




Este motivo decorativo é chamado de "Khamyameyya". Lanternas também são usadas em todo lugar: janelas, carros e em qualquer lugar que você puder pendurar uma. 



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Diário do Ramadã #4


Vários guias de viagem não aconselham viajar durante o Ramadã. O Guia "Lonely Planet" explica: "Durante o mês mulçumano de jejum, muitos cafés e restaurantes ficam fechados durante o dia, enquanto que atrações turísticas e órgãos do governo funcionam em horário reduzido e, as vezes, horários irregulares. Com certeza, para mochileiros de plantão ou para qualquer um que vá pela primeira vez em um lugar que nunca estiveram, não é uma boa época. Porém, para aqueles que vivem em países em que a maioria está viajando, é uma boa opção para...



... colocar o pé na estrada. Já que as pessoas devem se dedicr a oração, não é hora para sair de férias e, portanto, os preços das acomodações e passeios se tornam bem acessíveis. ;-)



Se você vai de pensão completa, a lua nova será a única lembrança de que o Ramadã começou.

A Dança Sufi vai ficar descontextualizada. É inacreditável quanta maestria o dançarino tem, mas nesta época do ano é uma coisa meramente turística. (Por que? Leia sobre Dança Sufi AQUI ou espere até eu escrever sobre Sufismo algum dia...)

Bem, pra nós que não estamos participando, vamos curtir e dançar:


Dança Folclórica - Povos do Deserto 


Dança Folclórica - Pescadores 


Dança Folclórica - Sei lá. 

domingo, 22 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #3


As Olimpíadas estão chegando e eu fiquei pensando como é que os atletas mulçumanos iriam lidar com o jejum. A Al Jazeera publicou uma reportagem interessante sobre o tema (em inglês):




Se você não conseguiu entender muito bem, os pontos principais:

  • É a primeira vez em 32 anos que o Ramadan cai no meio do verão e coincide com as Olimpíadas; 
  • Maher Abu Rmeileh, judoca palestino, disse que estudiosos foram consultados e afirmaram que, se você está representando o seu país em uma missão, então você está liberado para acrescentar os dias que você perdeu, quando retornar, afinal o Ramadan é jejum e oração; 
  • Para aqueles competindo num time, além de pensar na performance própria, é preciso considerar como o jejum de um jogador, pode influenciar na performance coletiva. Darren Cheesman, jogador britânico de rockey, afirma que sempre jejua o máximo que pode durante o Ramadan e que se percebe que o jejum está afetando o time, come e bebe alguma coisa, com o cuidado de acrescentar os dias perdidos no final. 
  • As seleções do Egito foram todas oficialmente liberadas do jejum durante o período dos jogos; 
  • Matt Lovell, nutricionista de atletas de alto nível, afirma que jejuar pode alterar drasticamente de modo negativo a performance dos atletas (especialmente pela atividade em si ser altamente dependente da ingestão de carboidratos e da hidratação), afirmando que estes nem estariam de fato na competição, principalmente se eles se abstém de comida e bebida. 
Mas de modo geral, parece que o mesmo princípio aplicado às grávidas e às pessoas doentes pode ser aplicados aos atletlas (comentário meu). 


sábado, 21 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #2


O principal conselho que as pessoas deram para a época do Ramadã foi não comer ou beber nos espaços públicos durante o período de jejum. Apesar de muitos de nós não estarem jejuando, é um sinal de respeito com aqueles que estão.

Ontem não foi muito difícil, porque saí de casa de manhã para encontrar uma amiga. Depois, ela me deu uma carona de volta pra casa. Aí eu sai de novo para uma noite de jogos na vizinhança e voltei pra casa. Foi fácil, fácil evitar beber água em minhas aparições públicas.

Mas hoje eu queria sair pela cidade no estilo "mochileiro", isto é, um mapa na mão e muita curiosidade de visitar lugares não-turísticos. Sem água, foi difícil. E eu comecei a ficar com uma fome... Finalmente, acabei num paraíso até então desconhecido - uma livraria maravilhosa, provavelmente a melhor da cidade. E eles tinham um banheiro limpo (bem a moda brasileira, uma raridade!). Então eu pude refrescar e beber quase toda a água carregada na mochila. E eles também tinham um jardim. Então, eu confesso, fui ao jardim surrupiar a comida que eu tinha trazido de casa.

Se é no Ramadã, você acaba jejuando junto de todo mundo - involuntariamente. =)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #1


Ramadã é o mês mulçumano do jejum. Você deve estar se pergunto por que, se eu não sou mulçumana, estou escrevendo um Diário do Ramadã. É porque o Ramadã não é algo que você pratica se tem vontade. Não é como a Quaresma, nos países ocidentais, na qual você até acha que pode escolher o que é que você vai viver sem no período de jejum (como, comer carne, mas abster-se de chocolate, porque você é chocólatra e vai ser muito mais difícil de viver sem cacau nas suas veias do que sem carne - pelo menos essa é a desculpa comumente oferecida, se alguma é pensada). O Ramadã é obrigatório. Portanto, começando hoje, o mundo tem uma grande parte de sua população em jejum. Pode influenciar mais a nossa vida, do que você e eu jamais pensamos a respeito. ;-)

Agora, já que estou vivendo na tal de MENA (sigla para Oriente Médio e Norte da África), isto vai influenciar, mudar e desafiar a minha vida diariamente - afinal de contas, um país inteiro está jejuando. Você tem idéia do que isso significa? Eu ainda não tenho, mas estou prestes a descobrir. E já que o propósito deste blog é compartilhar esperiências cotidianas, eu pensei que seria interessante compartilhar com os amigos algumas novas compreensões, surpresas, curiosidades, e o que mais acontecer. Vou tentar escrever todos os dias, pelos próximos 30 dias, então, fique de olho.

Se você ficou interessado no tema, você pode ler um pequeno artigo no site da Al Jazeera (em inglês). Se você quiser mais informação, ou não lê em inglês, visite a Wikipedia em português.

Para deixar bem claro, não é minha intenção, nem promover, nem combater o Ramadã. Vamos ter uma mente & um coração abertos e estar abertos aos diálogo & a tolerância. =)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bom final de semana!


Você está chegando em casa depois de um longo dia, exausta, com sede e com fome - e qual a sua minha compensa por tudo isso?

Isto: 

 

Curta o final de semana! (Não, não tô adiantada. O final de semana é a sexta-feira. As pessoas trabalham de sábado a quinta, então meu final de semana é amanhã. =P)

domingo, 8 de julho de 2012

Dias como este


Foi Van Morrison que cantou primeiro:

Quando ninguém pisa nos meus sonhos; 
Haverão dias como este
Quando as pessoas entendem o que quero dizer
Haverão dias como este
Quando você consegue realizar as mudanças
de como tudo é
Bem, mamãe me contou
Haverão dias como este. 

Dias como este:

- você acorda atrasada e morrendo de fome, mas você se lembra de todos os verbos e conjugações no presente e passado no quiz da aula de árabe;
- você tem que andar, tomar um taxi, metrô linha 1, metrô linha 2, outro taxi pra se encontrar com umas pessoas muito bacanas que estão indo embora. Você chega lá, não para de misturar alemão e árabe, mas sai restaurada. Agora, é hora de voltar, todo o caminho de volta: taxi-metro-metro-taxi-caminhada e nenhum taxista tenta passar você pra traz; \O/
- você mal se sentou no metrô, mas uma mamãe com um bebê entra em seu vagão. Você dá seu lugar a ela, as pessoas ficam comovidas e levam sua mochila pra você (elas sempre ficam comovidas, é tão bacana). O bebê tem uma irmã mais velha, a irmã tenta falar com você e não liga pro seu árabe mequetrefe (ponto alto do dia!). Você compra biscoitos gostozinhos de um vendedor ambulante no metrô que custam 50 centavos (menos de R$0,20) e as pessoas até lembram você que você tem que descer na próxima estação... (neste ponto eu já estava sonhando acordada?)

Então, há dias como este!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

¡Viva La España!


Para deixar bem claro que estou por dentro do que está acontecendo mundo afora, alguns exemplos:

O CLUBE ATLÉTICO MINEIRO está agora em PRIMEIRÍSSIMO lugar no Brasileirão.  \O/ Gaaaallloooooo!!!! 

A Espanha ganhou a Eurocopa 2012, derrotando a Itália. Foi tudo de bom:

- A Itália é um adversário tradicional da seleção brasileira;
- A Itália eliminou a Alemanha, que eu estava torcendo antes;
- Eles ganharam dos Azuris de 4 - 0;
- Posso comemorar com a Taiana & o Rober, que estão morando na Espanha e compartir de vostra felicidad! 


Então, isto é para lembrar a canção que cantei na festa de casamento deles (é em francês, mas o que importa é sentir como a atmosfera espanhola é mágica...)