sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Foodie


Durante os anos de ditadura militar no Brasil (1964 - 1989), os jornais constumavam publicar receitas de comida protestando contra a censura. Tanto pra contar,mas ter de ficar calado.

Chegou a hora de falar sobre comida. Hoje vocês serão apresentados a deliciosa cozinha local!

Primeiro é importante esclarecer que não há uma "haute cuisine" aqui. Entretanto a produção local de legumes e frutas é soberba e compensa quaisquer exigências. Falando por mim, sendo mais uma fã da tendência terroir que de comer pagando caro, estou 100% satisfeita.

Não cozinhei nada que está aí embaixo - só tirei as fotos, todas elas com câmera ruim de celular. As transliterações não são oficiais - baseie-me na pronúncia apenas, então leia como se você estivesse lendo português.

Ful



Este prato é tem como base os feijões fava e é geralmente servido no café-da-manhã com o pão local. Você pode adicionar salsichas ou ovos cozidos se quiser algo mais substancial. Os temperos e condimentos comunmente usados são sal, alho, pimenta-do-reino, cominho e salsinha.

My verdict: um dos meus favoritos para ser comido a qualquer hora do dia. Eu já até tenho minha banca de rua favorita para ser abastecida de ful, mas parece que muitas pessoas concordam comigo, porque eles começam vender às 7 horas da manhã e na hora do almoço já acabou todo o ful. =P

Arroz

Esta é uma foto de arroz, não de pudim de arroz! Inacreditável como as pessoas aqui conseguem "montar" o arroz deste jeito e ainda, com algum segredo passado de geração a geração e que os brasileiros aqui residentes ainda não descobriram, quando você serve seu arroz, ele se esparrama soltinho no prato. A cor amarelada é de alguma maneira relacionada aos "caipiras", como uma amiga me explicou. Os/As cozinheiros/as da capital servem um arroz alvejadamente branco. 

Meu veredicto: Tenho uma forma de arroz aqui no apê e não sabia que era pra "montar o arroz", mas achei que fosse pra assar pudim! O arroz aqui é um problema para os brasileiros que querem soltinho como os locais gostam, mas nós somos de alguma maneira incapazes de obter os mesmos resultados com os mesmos produtos (é engraçado ouvir uma conversa sobre arroz - qual é a melhor marca, o tipo, blablabá que não vai deixar o arroz empapado).  As cozinheiras que perguntei qual é o segredo me disseram que elas fritam o arroz no óleo antes de colocar água, mas isso é exatamente o que fazemos em Minas Gerais. O arooz local é muito gostoso e é tanto a base de vários pratos, como o acompanhamento. Eu prefiro o estilo "caipira" e gosto mais do arroz dourado. Aditivos que deixam o arroz branco são um grande 'não' pra mim. 

Uarac Aineb
 

Um rolo recheado de arroz e envolto em folhas de parreira. Você vai achar tanto a versão vegetariana com arroz apenas - e algumas ervas - mas também pode pedir/fazer com frango ou carne moída. É temperado com molho de tomate, cebola, suco de limão (o limão daqui é o verdinho e pequenininho como no Brasil), sal, pimenta do reino e cominho. 

Meu veredicto: outro favorito. É tão bacana ver as folhas de parreira sendo vendidas no mercado, uma prova de que nada na Natureza precisa ser desperdiçado. Também gosto do fato que a comida do dia a dia leva pouca carta, de um jeito que fica balanceada, mas sem a necessidade de exagerar nenhum ingrediente. Entretanto, não tenho nenhuma motivação pra preparar meus próprios rolinhos - a idéia de trabalhar com as folhas de parreira me parece tarefa hercúlea para uma pessoa desastrada como eu.

Molho de Iogurte (com frando assado no fundo)


Comi diversos molhos de iogurte sem ser atraída por nenhum em particular. Gostei de todos, no entanto, e espero que saiba fazer um ou dois molhos quando deixar o país.

Meu veredicto: embora os molhos sejam deliciosos e eu goste de ter algo cremoso em cima da salada que não seja queijo - apenas para o efeito da variação - eu confesso que tinha idéias românticas sobre iogurtes no Oriente Médio. Todos os iogurtes que encontrei até agora tem uma lista de ingredientes mais parecida com elementos da tabela periódica que coisas que você esperaria encontrar num livro de receitas. A parte positiva é que eu posso comprar um pode de 1 kilo de iogurte natural. 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Feliz Dia de Ação de Graças!


Escrevi sobre meu gosto por relacionar tradições e comida por ocasião da Páscoa. Não tendo uma razão para fazer nenhuma conexão com o Dia de Ação de Graças americano, mas querendo provar uma torta de abóbora, assei algumas tortas e elas se tornaram "a favorita" de alguns amigos.

Hoje eu tive a oportunidade de descobrir como um tradicional Dia de Ação de Graças é. Então, em eio aos conflitos entre Israle e Gaza, as manifestações na Jordânia e a situação não resolvida da Líbia, eu:

- comi carne de peru pela primeira vez;
- compartilhei com uma amiga que estava do meu lado, razões pelas quais eu estou agradecida;
- aprendi que as pessoas normalmente escrevem aos amigos para dizer que estão gratas por eles!


Então, aqui está, meus amigos, um cartão pra vocês. Obrigada a todos pela sua amizade e apoio. Amo todos vocês!!!

Clique AQUI para ver o cartão. A propósito, aquele endereço de e-mail que aparece no cartão é um endereço falso. Eu não quero spam chegando na minha caixa postal, certo?

Um muito obrigada a família que me convidou para fazer parte de suas tradições do Dia de Ação de Graças!. =)

sábado, 17 de novembro de 2012

Reminiscências


Essas fotos foram tiradas no último verão brasileiro, quase um ano atrás. Uma tarde na varanda da casa dos meus pais, a grama cheirando a sol e um importante dilema para resolver: estamos com o povo de Devon ou concordamos com os de Cornwall? (condados no sudoeste da Inglaterra) 


Uma versão tropical do "scone" de Devonshire, com geléia caseira de abacaxi. 


"Scone" de Cornwall da maneira mais tradicional, com geléia caseira de morango. 

AQUI você pode ler sobre a competição Devonshire X Cornwall (basicamente, em Devon você come os scones com geléia por cima do chantili, enquanto que em Cornwall, o chantilli vem por cima da geléia). Algumas pessoas perguntaram sobre a comida local e pediram receitas. Tô de devagar no assunto - gosto da comida locl, mas quando o assunto é cozinhar, normalmente me atenho às minhas antigas receitas. Mais que cozinhar, assar é um hobby. E ainda que soe estranaho, morando no Oriente Médio (mas também poderia soar estranho, morando na América Latina), nada é mais gostoso pra mim do que uma tarde preguiçosa com itens saídos do recém-assados e uma xícara de chá quente. (Num dia perfeito, eu teria cantado a manhã toda e vou passar a noite inteira lendo). 

Assar aqui durante o verão foi uma loucura, por causa do calor. Então eu desisti. Mas agora que as temperaturas estão diminuindo, o forno está ficando ativo pouco a pouco. Também é um sinal de que a vida está se encaixandoo fato de que o termo "caseiro" não é propaganda falsa, mas um adjetivo verdadeiro para as comidas que encontro na geladeira e no armário. 

Melhor ainda é poder compartilhar. Agora que tenho uma companheira de república, dividir bocados de gostosuras ficou muito fácil! : D E num tempo da vida quando 'tempo' é o que eu não tenho, essa brilhante idéia de 'scones' é muito atrativa. 'Scone" pode ser traduzido como 'bolinho", mas a tradução não dá conta do que ele realmente é. Ana Granziera acertadamente descreve 'scones' como algo entre pão e bolo, que são fácilmente feitos misturando todos os ingredientes com uma colher de pau e botando pra assar. 

Mas mesmo assim, quando um feriado está a caminho, ajuda muito! Ontem foi o "Ano Novo Islâmico". Um tema muito complicado, que não vou tentar explicar neste blog. Você pode ler sobre isso na Wikipedia. Interessante que não vi uma única loja fechada e muitas pessoas estavam trabalhando como um dia normal. 

Estou na expectativa de mais dias 'normais' paramim: amigos para ter boas conversas, compartilhar boa comida e boa música. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Eid al-Adha


Quando você trabalha numa escola internacional, você as vezes se esquece de onde você está morando. Primeiro, você não fala árabe no trabalho, que é o lugar onde você passa a maior parte do seu dia. Ainda que a escola tenha muitas pessoas nativas, eles falam a língua da escola - inglês, no nosso caso. E também, você vive nesse ambiente da "terceira cultura", como os antropólogos chamam. Essa mistura de culturas: não a cultura local, não a sua cultura, não a cultura oficial - que seria a cultura americana, no nosso caso, só porque a gente sua o currículo escolar americano.

Aí, você dá de frente com uma cena destas:


E você se lembra: ah... é mesmo... estou no Oriente Médio. E o Eid al-Adha tá chegando (não é só porque é Oriente Médio, que você vê algo assim todo dia. E, a propósito, no Brasil, eu via, as vezes, umas cenas parecidas, perto de onde a casa dos meus pais fica. Como nós, belo-horizontinos dizemos: BH é uma grande roça! rs).

Hoje é o primeiro dia de Eid al-Adha. Significa "Festa do Sacrifício",quando os mulçumanos celebram o fato de que Deus providenciou um carneiro para Abraão, de modo que ele pode poupar seu filho Isaque de ser sacrifícado. Você encontra a narrativa em Gênesis, um livro sagrado para judeus, cristãos e mulçumanos, mas a prescrição do Eid al-Adha vem do Alcorão.

Há uma oração especial para o Eid al-Adha e as pessoas devem colocar suas melhores roupas para fazê-la. Além disso, os carneiros da foto são para o sacrifício. Se você tem dinheiro para comprar um animal (que também pode ser uma vaca, uma ovelha, um camelo ou uma cabra), você vai sacrificá-lo. Um terço é para você e sua família, um terço para seus amigos e parentes, um terço para os pobres.

De acordo com uma informação encontrada na Wikipedia, "apenas no Paquistão, quase 10 milhões de animais são abatidos nos dias do Eid, custando mais de 3 bilhões de dólares americanos". Um dia santo é também uma possiblidade para um cessar-fogo, quando você tem uma guerra acontecendo ao seu redor,como na Síria. Infelizmente, uma trégua oficial não significa que ela vai realmente acontecer. Você pode conferir sobre a situação da Síria no site da Al Jazeera (em inglês).

Para mais informação sobre as tradições e práticas do Eid al-Adha, confira o artigo da Wikipedia.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Uma semana com papai e mamãe - UAU!


Então, de fato aconteceu. Mamãe e papai vieram aqui e passaram uma semana comigo. Depois de tantos meses sonhando e conversando a respeito, eles apareceram naquele fatídico portão da Chegada.

Meu guia de viagens "Lonely Planet" deu a melhor descrição da cidade até agora: abrace o aparene caos, conte uma piada e aprenda a olhar através da poeira para ver as cores verdadeiras da cidade. Embora, o Norte seja bem diferente do Sul e a capital diferente de tudo o mais, eu diria que a descrição se aplica ao país. Então, tivemos uma semana juntos para ver as cores verdadeiras, ouvir os verdadeiros sons e provar os verdadeiros sabores.


Aqui vão alguns dos momentos mais memoráveis:

1) Mamãe aprendeu a atravessar as ruas como uma pessoa da terra em dois dias. Demorou cinco meses até eu conseguir...
2) Eles dois acham que os motoristas aqui são os melhores do mundo. Com esse tráfego louco, tão poucas batidas... 
3) Papai declarou que se morasse aqui, só tomaria taxis. Muito barato!
4) Eles amaram as cebolas, os tomates (vermelhos de verdade, com gosto de tomate de verdade), "aish baladi" (o pão local), as castanhas, as tâmaras, as uvas (e elas estavam longe de como eram as melhores no auge do verão), em mencionar os sucos frecos de frutas;
5) Eles também aprenderam algumas palavras em árabe. Tô muito orgulhosa disto.
6) Uma semana aqui e eles já viram um pouco de chuva. Eu estou aqui há seis meses e foi a minha primeira vez também. Dois minutos de chuva, mas eu fiquei mais do que empolgada por causa disto.
7) Eu era quem queria voltar mais cedo pra casa; eles eram quem perguntavam: o que vamos fazer agora? 
8) Eles ficaram encantados com o deserto, com o contraste entre o deserto e o mar azul safira, pelo contraste entre as verdes planações e o deserto por toda a estrada;
9) Eles provaram café Turco - não filtrado e com cardamomo. Mas com tantas coisas pra experimentar, saíram sem comer Manjar Turco!
10) Finalmente, depois de ver o maior shopping center do Oriente Médio, papai concluiu: é... cê até que pode viver bem aqui. [kkkkkk]



E então eles foram embora. Eu amo estar aqui. Mas eu tenho muita saudade deles. E caros amigos: tenho saudades de todos vocês. Quando é que vocês virão olhar olhar através da poeira para ver as cores verdadeiras da cidade? 

sábado, 15 de setembro de 2012

Quando os penduricalhos ficam


As vezes já é final de janeiro e as decorações de Natal ainda estão amontoadas na sala (especialmente naqueles que não sabem que o dia de Reis, 6 de janeiro, é o dia oficial de des-decorar). Eu encontrei algumas decorações do Ramadã na minha câmera fotográfica (a qual caiu e está estragada agora) e pensei que, embora o Ramadã acabou, não seria má idéia compartilhar aqui com vocês. :-)




Bem, depois de quase um mês escrevendo diáriamente eu precisava de uma pausa. Mas a Louca da Lu está de volta e ela tem um montão de coisas sobre as quais ela quer escrever. 

Por exemplo, vocês repararam que manifestações se tornaram populares em todo o mundo? Japão, Espanha, África do Sul, sem mencionar todo o Mundo Árabe. Só achei que seria válido mencionar... 

Té mais povo!

sábado, 18 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #27


Hoje é o último post sobre o Ramadã. Porque o mês de jejum termina hoje.

Amanhã - e depois de amanhã - vai ser feridado aqui (lembre-se, final de semana aqui é sexta-feira). O feriado é chamado Eid ul-Fitr. Significa algo como "Festividade pelo Fim do Jejum". Me contaram que as pessoas vão celebrar nas ruas e se divertir. Infelizmente, também li nos jornais que o assédio às mulheres aumenta consideravelmente durante o Eid. Parece que é tão sério que um movimento feminista local vai promover patrulhas nas estações de metrô.

Eu pensei que um bom motivo pra orar a respeito é pedir pelo fim do assédio sexual. E, porque não vai terminar de repente, pedir para que nós, mulheres, aprendamos a manifestar contra o assédio, e que a gente não se sinta culpada ou desvalorizada por causa dele.

O curta a seguir trata do problema. Está em árabe, mas eu tenho certeza de que você vai enteder tudinho: o assédio, a voz interior acusando-a, a vergonha, o sofrimento e o estágio final quando ela se MANISFESTA. Haverá um ponto final.




Como está no final do vídeo:

você não está elogiando
você está assediando
seu silêncio o permite. manifeste-se. 

Esta é a minha oração e celebração do Eid.

Você pode ler o artigo da Wikipedia sobre o Eid AQUI.

PS: eu ia escrever um post sobre o Eid comentando sobre todos os maravilhosos biscoitos que apareceram na padaria e sobre como os mercados estão cheios. Mas como, se eu abro o jornal (eletrônico) e uma página leva a outra sobre o assunto que eu escrevi? Definitivamente, não sou eu a pessoa a ficar calada, certo?

PS2: uma bomba em Herat, Afeganistão, mata 12 civis. Taliban dizendo Eid Karim! (Eid generoso) - eles afirmam que a matança dos útlimos dias é a mensagem do Eid deles. Não que eu vá racionalizar em cima de disto, mas acho que hoje eu estou me sentindo a la John Lenon: Eid Mubarak (Eid feliz), War is not Over. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #26


Há um lugar que eu realmente gosto aqui. É o serviço de imigração. Quão diferente é das demais partes da cidade. Embora as mulheres ainda partipem da esfera pública aqui - como cantoras, estrelas da TV, apresentadoras do jornal noturno e caixas de supermercado - o setor público são os lugares mais favoráveis às mulheres. Nestes lugares, as mulheres geralmente não recebem menos que os homens e são mais bem vindas que na iniciativa privada.

Então é sempre um prazer ir a imigração. Todas aquelas mulheres de veu a gargalhadas durante o café da manhã, gritando com os homens que estão do outro lado do balcão de atendimento e dizendo a todo mundo pra obedecê-las. Fale sobre "empoderamento" das mulheres... Eis um lugar em suas vidas em que elas tem poder - e melhor ainda, elas sabem que tem.

Como foi diferente pedir por um visa durante o Ramadã. Sem mau humor, mas também sem café da manhã juntos, para começar. Tente imaginar: o horário de funcionamento vai das 8:00 as 14:00, mas esteja certo de que as oito, todos eles e elas estarão sorvendo seus chás e comendo aish baladi com algo dentro: pode ser queijo feta, feijão, pepino ou ovos. Eles estarão esperando pelos oficiais trazer os documentos, com os quais elas vão trabalhar, com riso e um animado bate-papo. É claro, que não durante o Ramadã.

Nestes dias você tem salas bem tranquilas. Todos os funcionários públicos estão esperando pelos papéis e eles não tem muito o que contar aos outros. Sem sorrisos. A mulher que sempre me atende estava até educada desta vez. Justiça seja feita, parace que os estrangeiros estavam mais educados com ela também - era como se a energia de todo mundo tivesse ido embora.

Tomara que da próxima vez o lugar esteja cheio de vida de novo. ;-)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #25


Hoje escreverei o post mais sombrio desta série sobre o Ramadã. Não que tenha acontecido comigo. E, na verdade, provavelmente não tem a ver com o Ramadã per si - qualquer grande evento nacional teria as mesmas consequências. Mas como alguém pode ler todas estas notícias sobre países na mesma região do mundo e não se sentir tocado? Principalmente numa época em que, apesar do mau humor das pessoas por causa de um jejum rigoroso num tempo em que reina o Narcisismo, os crentes deveriam ser mais generosos, apoiar mais uns aos outros.

Irã enfrenta a tragédia de um terremoto. Não apenas a resposta governamental é lenta... (como são a maioria das coisas durante o Ramadã), mas todos aqueles que foram feridos gravemente precisam de transfusão de sangue. Como doar sangue, porém, se você está jejuando?

E os afegãos, que tiveram sua cota de sofrimentos nas décadas passadas, agora são alvos dos ataques mais loucos. Parece que se tornou moda explodir bombas em mercados lotados de gente gastando o pouco dinheiro que tem para celebrar o Eid (o dia depois que o Ramadã termina).

Não é de chorar e tremer?

As notícias foram publicadas pela Al Jazeera. Você pode ler sobre o Irã aqui e sobre o Afeganistão aqui.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #24


No verbete da Wikipedia sobre Ramadã está escrito que o jejum não oferece nenhum risco aos indivíduos saudáveis. Ao contrário, há até mesmo uma redução dos níveis de colesterol no sangue daqueles observando o Ramadã.

Eu decidi que queria ficar mais saudável durante o Ramadã também. Porque durante o Iftar, o trânsito é  mais leve em algumas áreas e até mesmo inexistente em outras, esta é a hora ideal para correr. Não porque eu estou correndo no meio dos carros, mas por causa dos níveis de poluição. Eu procurei extensivamente por uma pista de corrida ou outro lugar que eu pudesse correr. Não há nenhum por perto. Jogging não é popular por aqui, como é em outros lugares. E tornar-se membro de um clube está fora de questão, pois é muito caro.

Então uma amiga local sugeriu de ir numa avenida aqui perto, que é um lugar seguro, e correr na calçada. Não é o melhor jeito, mas até algo melhor aparecer, não vou parar. Toda vez que eu corro, eu fico pensando porque cargas dágua eu fiquei tanto tempo sem correr.

Ramadan karim - um Ramadã generoso pra minha saúde e minhas noites sem sono.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #23


Encontrei dois vídeos no YouTube, muito interessantes, que ilustram muitos dos aspectos dos quais tenho falado nas últimas semanas.

Primeiro, Ramadã na Suécia, um país ocidental, onde os mulçumanos são minoria:




O segundo, Ramadã no Egito, um país do Oriente Médio, onde os mulçumanos são maioria:



O primeiro é em inglês, o segundo em árabe com legendas em inglês. Vale a pena assistir! 

domingo, 12 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #22


Pode dar uma falsa impressão de que o Ramadã é só jejum disso e jejum daquilo. E, de certo modo, como uma não-crente, minha vida é afetada - se é que é afetada - por causa do jejum e suas consequências no trânsito e no transporte público.

Entrentato, com certeza não é tudo sobre comida e bebida. Se você vai observar o Ramadã, você deve aumentar o número de orações e também a leitura/recitação do Alcorão.

[COMENTÁRIO PARALELO:] [Eu sei que existe uma grande discussão sobre orações no Islã, mas eu sou a última pessoa do mundo a discutir a diferença entre Sunitas, Shiitas etc.]

Os mulçumanos tem cinco horas de orações obrigatórias. É realmente horas de oração, porque se deve orar em horas pré-determinadas do dia. Elas são:

1º - Fajr, da madrugada ao nascer do sol;
2º - Zuhr, após o meio dia, até Asr, que é a próxima hora;
3º - Asr, a tarde;
4º - Maghrib, depois do por do sol ou anoitecer;
5th - Isha, do anoitecer até a madrugada.

Importante: oração não signfica apenas fechar os seus olhos ou recitar algum poema ou alguns versos. Now, prayer, it's not only to close your eyes or quietly recite some poem or verses. Há toda uma prescrição para orar, incluindo a preparação, a postura e o lugar.

O que isso tem a ver com o Ramadã? No Ramadã deve-se orar mais.Então as pessoas acrescentam outra hora de oração: o Tarawih, uma oração congregacional extra a noite. Então, depois de quebrar o jejum, vê-se muitas pessoas se direcionando às mesquitas.

Tarawih é um jeito interessante de matar dois coelhos numa cajadada só. Durante as orações, 1/30 do Alcorão é recitado. O que significa que no final do Ramadã, você terá recitado todo o Alcorão, além de ter orado um bocado a mais.

Se você quer saber mais detalhes ou ir mais a fundo no assunto, veja o verbete da Wikipedia para as orações acima mencionadas.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #21


O conto de hoje vem do trabalho, de novo. Nosso ar-condicionado mais novo quebrou. Porque é verão, é muito importante concertá-lo.

Três horas da tarde: estamos contactando o serviço técnico. "Não", eles respondem, "Hoje ninguém pode ir e concertar seu ar condicionado".

Falta de funcionários? Funcionários ocupados? Eles mesmos esclarecem: "É Ramadã!"


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #20


Devo estar me aculturando demais... 22:00 e eu ainda estou fazendo o jantar. =\

Bela decoração do Ramadã:





Pra deixar claro: estas fotos foram tiradas de um lugar turístico. Eu duvido que alguém decoraria sua própria casa deste jeito. 

Meu gosto por um estilo mais minimalista-heavy-metal tá ficando meio bagunçado. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Diário do Ramadan #19

Há algumas coisas que eu não vi durante o Ramadã - falando aqui de coisas que eu li que aconteceriam:

- Porque é um mês santo e você deveria se tornar mais generoso e dar mais generosamente, é esperado um aumento de pedintes nas ruas. Mas provavelmente porque a economia vai mal, parece que tudo continua igual pra mim: muitas pessoas dormindo nas ruas e muitos mendigos em todo lugar (muito triste que haja coisas assim em qualquer parte do mundo...).

- Também em nome da generosidade, os ricos e as grandes companhias forneceriam o Iftar as pessoas pobres. Nunca vi isso acontecendo - não significa que não exista, é claro. 

Eu ouvi e vi sobre nos trabalhos onde as pessoas vão continuar trabalhando até mesmo antes, durante e depois do Iftar, eles se juntam para celebrar no local de trabalho. Como as pessoas no supermerdado da esquina, ou o verdureiro e sua equipe (incluindo uma criança que não deveria estar trabalhando naquelas condições, mas...). 

Os taxistas não estão mais generosos. Como em todo lugar do mundo, eles continuam tentando te passar pra traz, Ramadã ou não. 


domingo, 5 de agosto de 2012

Diário do Ramandã #17


Alguém me perguntou se eu iria ter um horário especial de trabalho durante o Ramadã.

"Vou sim", respondi. "Vou começar a trabalhar 20 horas a mais". =P

Não é piada! Mas lá vai uma:


Tariq estava viajando estrada baixo, em Bahawalpur, Paquistão, quando ele viu uma multidão ao redor de uma casa.

Era no meio do dia, durante o Ramadã, então ele parou e perguntou Asif porque tantos homens estavam reunidos àquela hora.


Asif respondeu: "O camelo do Salim deu um coice em sua sogra e ela morreu". 


"Bem", respondeu o homem, "então ela devia ter muitos amigos".


"Não!", disse Asif. "Todo mundo quer é comprar seu camelo." 

Esta e outras piadas sobre o Ramadã, você encontra neste site: http://www.guy-sports.com/humor/saints/ramadan_humour.htm (em inglês).

sábado, 4 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #16


Outra coisa que também muda no Ramadã é o horário do comércio. As lojas não abrem de manhã, as vezes também não à tarde. Eu vivo numa metrópole 24/7, mas é inacreditável como a noites ficam ainda mais mais "acesas" com alegria, conversas, pessoas nas ruas, buzinas e... música. Eu vivo num bairro tranquilo ('tranquilo' para os padrões locais), mas um dos vizinhos sempre sai a rua a tocar seu pandeiro (não tem churrasco com pagode aqui não) no meio da noite. É claro que com tanta animação a noite, pra que se preocupar com negócios durante o dia?

***

Bem, por hoje é isto sobre o Ramadã. Mas a Beta perguntou nos comentários sobre os mulçumanos poderem fumar e eu prometi a ela uma resposta. Então aqui vai uma resposta rápida de uma "outsider" (se você estiver procurando uma pesquisa detalhada sobre o tema, vá ao Google, leia um livro ou pergunte a um professor universitário). 

Tabaco era usado no continente americano há anos antes dos europeus chegarem, mas sua disseminação e comercialização como cigarros começou apenas no século XVI, depois da presença deles. Portanto, como outros Livros Sagrados, o Alcorão não legisla especificamente sobre seu uso, porque foi escrito no século VII e os crentes devem procurar por princípios que os guiem em relação a esta questão. 

O tema é obviamente muito controverso: aqueles que são contra, dirão que é proibido porque prejudica sua saúde, não faz bem a você, nem aos outros, é um sinal de decadência moral etc. Aqueles que são a favor dirão que não há nada claro no Alcorão sobre isto e que o vício seria o pecado, não fumar propriamente dito. Na verdade, há uma fatwa (novas decisões legais feitas pelos estudiosos islâmicos), que proibe o uso do tabado. 

Entretato, o fato é que, proibido ou não, as pessoas aqui fumam um bocado. ;-) 

Não poderia escrever tudo isso a partir do meu próprio conhecimento, é claro. Além da Wikipedia, as fontes usadas foram: 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #15


Hoje, outra crônica do metrô.

Estava voltando pra casa depois de um almoço e uma caminhada com uma amiga; o sentimento de que tinha tido uma sexta-feira/ Final-de-Semana perfeitos. Eu estava com sede, mas nós estávamos em espaços públicos e  metrô certamente não é o lugar para comer ou beber. Eu sabia, entretanto, que logo seria hora de quebrar o jejum e, de alguma forma, a expectativa de poder beber a água que estava entro da minha bolsa estava se tornando irritante. Minha garganta queimando, minha cabeça zonza.

De repente a mulher sentada ao meu lado me oferece uma Fanta. Eu arregalo os olhos para a bebida de laranja geladinha e recuso educadamente. Ela insiste, eu digo não, veementemente - era muito óbvio de que eu precisava beber alguma coisa? Ou era apenas tentação? Em todo o vagão, as pessoas começam a se mover. Alguns abrem lanchinhos. Uma mulher passa no corredor oferecendo tâmaras a todos. Uma garota passa a mãe um banquete embalado na marmita de alumínio. Ah... é hora do Iftar.

Aceito uma tâmara e bebo toda a água de uma vez. Sinto que faço parte do cenário de algum modo. Com tâmaras e água, exatamente como a tradição. Os anjos deveriam estar ao derredor. =)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #14


Tô tentando não reclamar do trânsito de novo... Desta vez, depois do Ifar, quando todo mundo parece ir as ruas fazer qualquer coisa.

Ao invés disto, escreverei sobre o Ramadã durante estações diferentes.

Nunca vi a aurora aqui. Mas eu sei que todos os dias, por volta das 5 da manhã, os raios do sol entram pelas frestas das janelas e me acordam gentilmente. O apartamento fica inundado de luz todas as manhãs. Aí, depois das 19:00 o sol se põe. Não fica escuro antes das 8, entretanto. 


Então, você tem o suhur antes da aurora - uma primeira grande refeição. Daí, quando a luz do dia se vai, você quebra o jejum com tâmaras ou água, antes do Iftar. Com 40ºC durante o dia. 


Ramadan no verão é duro. 

Mas eu tenho uma pergunta: se durante um mês, os mulçumanos devem jejuar da aurora até o por do sol, como els fazem se vivem na Finlândia, ou na Suécia, onde, por alguns dias o sol nunca se põe? 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Diário do Ramadã #13


A história de hoje foi contada por uma amiga, que acabou de chegar de avião. Às duas horas da madrugada.

O caso foi o seguinte: três aviões pousaram aproximadamente na mesma hora e, portanto, a fila da imigração estava enorme. Veja, que não é uma situação de imigração normal. É uma fila de pessoas que tem até as três da manhã para comer pela última vez (a maioria delas, pelo menos), que é hora da primeira oração, durante o mês do Ramadã.

Eu suponho que a coisa toda ganhe um novo alcance, porque os funcionários da imigração estão provavelmente na mesma situação dos viajantes - e querem acabaro serviço tão logo quanto possível. Minha amiga disse que eles estavam trabalhando rápido como ela nunca presenciou antes.

Sinceramente, eu fico a pensar porque é que o Ocidente ainda acredita no Secularismo. Nesta parte do mundo, isto parece um vestígio débil de outra dimensão.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Diário do Ramadã #12


Açúcar vem do Árabe. É verdade. Também é o titulo de um livro didático de Árabe.

Se você vai participar do Iftar com uma família, você provavelmente vai levar algum doce como presente para seus anfitriões. As pessoas aqui amam doces. Eu tenho plena convicção de que o maior luxo é saborear uma sobremesa feita em casa. Mas é a minha opinião e, provavelmente, difere da opinão geral. Quando você passa em frente a uma confeitaria, você vê muitas pessoas saindo com caixas como esta:

 

Esta foi o presente de uma amiga, que veio jantar. :) Muito bacana da parte dela. E o bolo estava delicioso. Eu amo mango e meus bolos e tortas favoritas são os feitos a base de fruta.


Mas... não estávamos quebrando jejum nenhum. :P 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Diário do Ramadã #11


YouTube tem um canal especial do Ramadã. Você pode conferir AQUI.

Você não vai encontrar orações, pregações ou discussões filosóficas. Tudo o que você fai achar é NOVELA. É isso aí: durante o Ramadã novelas e séries especiais vão ao ar. O que é melhor do que ter famílias reunidas para o jantar e, obviamente, assistindo TV junto? :-P

O canal tem novelas de vários países onde os mulçumanos são maioria e, portanto, retrata faces distintas do Norte da África e Oriente Médio - com toneladas de drama. De personagens riquérrimos e elegantes e mulheres em roupas que eu não ousaria usar aqui a dança do ventre e shisha; do estereótipo árabe a verve mais moderna da MTV: você só vai precisar entender árabe, porque não há legendas. Mas mesmo que você não endenda nadinha, vale a pena conferir os primeiros minutos de algumas das novelas, porque eles mostram uma espécie de "cenas principais" com uma música pop/folk ao fundo.

A Globo que fique esperta! [rs] ;-)

domingo, 29 de julho de 2012

Diário do Ramadã #10


Duas ou três semanas antes do mês do Ramadã inciar e as pessoas começarem a se preparar para tal, os preços nos [super] mercados vão as alturas. Todo Iftar é um (mini) banquete, todos os dias as pessoas vão comer horrores e no fim, quando chega o Eid, haverá o banquete e as festas do Eid em todo lugar.

A pior coisa e que os preços não voltam ao normal. Humpf! =( 

sábado, 28 de julho de 2012

Diário do Ramadã #9


A folga acabou. Os leitores estão começando a fazer perguntas e este é o ponto em que eu começo realmente a curtir escrever num blog - quando se pode ter algum tipo de interação. Entretanto, antes de responder as perguntas deles, queria falar sobre o Iftar e os efeitos dele no dia-a-dia. Iftar é a refeição feita para quebrar o jejum ao por do sol.

Ontem eu cheguei quando o sol estava se pondo.


Isto significou que a maioria das pessoas já estavam se aprontando para o Iftar. E as ruas estavam silenciosas, com a exceção de uns motoristas malucos querendo chegar em casa tão logo o acelerador permitisse. Portanto, ao invés de esperar por muito tempo por um taxi ou pagar por uma corrida que poderia me matar antes de chegar em casa, eu decidi que a mala e eu iríamos para casa ...a pé. Fez as minhas costas doerem, mas 20 minutos andando não é nada. Pra cruzar certos aeroportos de ponta a ponta você leva mais tempo do que eu levei. =P 

Hoje, revivi novamente a experiência de jejuar porque eu estava na rua. Na verdade, em museus, mas eu sou uma NERD e sou LOUCA com museus, então eu gastei seis horas em dois lugares e nem consegui ver metade do primeiro. 

Quando eu voltei pra casa, eu precisava comprar comida. A geladeira estava vazia, afinal de contas. O vendedor de pão vem berrando no meu caminho: 3AISH!!!!! 3AISH!!!!! O pão mais gostoso está garantido: o pão local fresquinho ou 3aish baladi na minha mochila. 


O vendedor de bebidas também precisa garantir o pão, jejuando ou não. As pessoas não 'podem' beber nas ruas, mas nada os impede de comprar as bebidas. Muitas bebidas locais são vendidas em carrinhos como este: 


Globosapiens.net é o proprietário desta foto. ;-)

Mas hoje as bebidas foram vendidas em sacolas plásticas, de modo que as pessoas possam levar as bebidas para casa. Um mais para a criatividade. 



Não resisti e tive de comprar uma sacola de bebida de tmar hindi (tamarindo). Bebida escondida na sacola retornável e encontro o fakarraani ("fruteiro") vendendo um tipo de fruta que não conhecia antes de vir pra cá. 


Ele me diz que o nome da fruta é tin. Mas a tradução para isto é figos e esta fruta obviamente não é figos. A casca da fruta é bem espinhenta e o fakarraani tira a casca pra você, vendendo a fruta pronta para o consumo. =) 


As rosas são as mais doces. Tins na mochila e... casa! Afinal de contas, eu preciso de um Iftar para meu jejum involuntário. ;-)

A propósito, você deve ler a transliteração do árabe como em português. E o som de "3" é como um "A" glotal. Então, só leia como um longo "A". =P 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Diário do Ramadã #8

Enquanto isso... o único sinal de Ramadã aqui é a falta de sinais. =)


Mar Vermelho por fora...


 ... e por dentro.  

Tirar uma folga... Como é bom! 

PS: Fonte da segunda foto: http://www.dahab-info.com/images/rasmohmmed.jpg

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Diário do Ramadã #7


Hoje, ainda falando sobre trânsito, um trecho de uma revista chamada "Oasis" num artigo sobre o Ramadã:

[...] é esperado Mulçumanos em jejum não fumem enquanto jejuam. Isto pode levar a sérias consequências em relação aos motoristas [...] já que a insanidade e a fúria nas ruas serão sentidas mais do que o normal [eles] testarão todos os limites da Física enquanto tentam realizar manobras que os participantes da Fórmula Indi babariam nelas. Taxis e ônibus também vão parar de rodar pelo menos meia hora antes do por do sol e se você estiver indo longe, eles provavelmente se recusarão a levar você. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Diário do Ramadã #6


Outra coisa que é bastante afetada pelo Ramadã é o trânsito. O trânsito não e louco em todo o Oriente Médio, mas aqui é um dos mais loucos (acredite se puder, bem mais que no Brasil). Como um amigo bem colocou: as avenidas de três pistas, facilmente se tornam avenidas de cinco pistas.

A última Sexta-feira, o primeiro dia do Ramadã, foi o dia mais tranquilo que testemunhei até agora. Sexta, como mencionei antes, é o equivalente de domingo em países mais cristãos e/ou ocidentais. Então, a manhã de sexta geralmente é tranquila - para os padrões locais, não que eu não gostaria que fosse ainda mais tranquilo (mas, aí, sou em meu amor pelo silêncio e solitude. Meu probema, enfim). Queria que que tivéssemos mais dias como aquele! =)

Felizmente não apenas a sexta foi mais tranquila que o normal, mas enquanto as pessoas estão em casa comendo, a noite, o silêncio reina nas ruas mais uma vez. Imagine que todo mundo está usando as bocas para botar comida pra dentro, ao invés de gritar, conversar, brigar e rir.


Uma rua movimentadíssima de manhã cedo (mas não na Sexta-feira). 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Diário do Ramadã #5

As cores do Ramadã são azul, verde, laranja e amarelo. De 20 a 15 dias que antecede o primeiro dia, as pessoas começam a decorar por dentro e por fora.

Prédios residenciais são decorados:



Assim como as lojas. Algumas delas ficam parecendo enormes tendas (ainda não consegui tirar fotos de uma delas, mas tentarei ainda no futuro):




Este motivo decorativo é chamado de "Khamyameyya". Lanternas também são usadas em todo lugar: janelas, carros e em qualquer lugar que você puder pendurar uma. 



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Diário do Ramadã #4


Vários guias de viagem não aconselham viajar durante o Ramadã. O Guia "Lonely Planet" explica: "Durante o mês mulçumano de jejum, muitos cafés e restaurantes ficam fechados durante o dia, enquanto que atrações turísticas e órgãos do governo funcionam em horário reduzido e, as vezes, horários irregulares. Com certeza, para mochileiros de plantão ou para qualquer um que vá pela primeira vez em um lugar que nunca estiveram, não é uma boa época. Porém, para aqueles que vivem em países em que a maioria está viajando, é uma boa opção para...



... colocar o pé na estrada. Já que as pessoas devem se dedicr a oração, não é hora para sair de férias e, portanto, os preços das acomodações e passeios se tornam bem acessíveis. ;-)



Se você vai de pensão completa, a lua nova será a única lembrança de que o Ramadã começou.

A Dança Sufi vai ficar descontextualizada. É inacreditável quanta maestria o dançarino tem, mas nesta época do ano é uma coisa meramente turística. (Por que? Leia sobre Dança Sufi AQUI ou espere até eu escrever sobre Sufismo algum dia...)

Bem, pra nós que não estamos participando, vamos curtir e dançar:


Dança Folclórica - Povos do Deserto 


Dança Folclórica - Pescadores 


Dança Folclórica - Sei lá. 

domingo, 22 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #3


As Olimpíadas estão chegando e eu fiquei pensando como é que os atletas mulçumanos iriam lidar com o jejum. A Al Jazeera publicou uma reportagem interessante sobre o tema (em inglês):




Se você não conseguiu entender muito bem, os pontos principais:

  • É a primeira vez em 32 anos que o Ramadan cai no meio do verão e coincide com as Olimpíadas; 
  • Maher Abu Rmeileh, judoca palestino, disse que estudiosos foram consultados e afirmaram que, se você está representando o seu país em uma missão, então você está liberado para acrescentar os dias que você perdeu, quando retornar, afinal o Ramadan é jejum e oração; 
  • Para aqueles competindo num time, além de pensar na performance própria, é preciso considerar como o jejum de um jogador, pode influenciar na performance coletiva. Darren Cheesman, jogador britânico de rockey, afirma que sempre jejua o máximo que pode durante o Ramadan e que se percebe que o jejum está afetando o time, come e bebe alguma coisa, com o cuidado de acrescentar os dias perdidos no final. 
  • As seleções do Egito foram todas oficialmente liberadas do jejum durante o período dos jogos; 
  • Matt Lovell, nutricionista de atletas de alto nível, afirma que jejuar pode alterar drasticamente de modo negativo a performance dos atletas (especialmente pela atividade em si ser altamente dependente da ingestão de carboidratos e da hidratação), afirmando que estes nem estariam de fato na competição, principalmente se eles se abstém de comida e bebida. 
Mas de modo geral, parece que o mesmo princípio aplicado às grávidas e às pessoas doentes pode ser aplicados aos atletlas (comentário meu). 


sábado, 21 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #2


O principal conselho que as pessoas deram para a época do Ramadã foi não comer ou beber nos espaços públicos durante o período de jejum. Apesar de muitos de nós não estarem jejuando, é um sinal de respeito com aqueles que estão.

Ontem não foi muito difícil, porque saí de casa de manhã para encontrar uma amiga. Depois, ela me deu uma carona de volta pra casa. Aí eu sai de novo para uma noite de jogos na vizinhança e voltei pra casa. Foi fácil, fácil evitar beber água em minhas aparições públicas.

Mas hoje eu queria sair pela cidade no estilo "mochileiro", isto é, um mapa na mão e muita curiosidade de visitar lugares não-turísticos. Sem água, foi difícil. E eu comecei a ficar com uma fome... Finalmente, acabei num paraíso até então desconhecido - uma livraria maravilhosa, provavelmente a melhor da cidade. E eles tinham um banheiro limpo (bem a moda brasileira, uma raridade!). Então eu pude refrescar e beber quase toda a água carregada na mochila. E eles também tinham um jardim. Então, eu confesso, fui ao jardim surrupiar a comida que eu tinha trazido de casa.

Se é no Ramadã, você acaba jejuando junto de todo mundo - involuntariamente. =)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #1


Ramadã é o mês mulçumano do jejum. Você deve estar se pergunto por que, se eu não sou mulçumana, estou escrevendo um Diário do Ramadã. É porque o Ramadã não é algo que você pratica se tem vontade. Não é como a Quaresma, nos países ocidentais, na qual você até acha que pode escolher o que é que você vai viver sem no período de jejum (como, comer carne, mas abster-se de chocolate, porque você é chocólatra e vai ser muito mais difícil de viver sem cacau nas suas veias do que sem carne - pelo menos essa é a desculpa comumente oferecida, se alguma é pensada). O Ramadã é obrigatório. Portanto, começando hoje, o mundo tem uma grande parte de sua população em jejum. Pode influenciar mais a nossa vida, do que você e eu jamais pensamos a respeito. ;-)

Agora, já que estou vivendo na tal de MENA (sigla para Oriente Médio e Norte da África), isto vai influenciar, mudar e desafiar a minha vida diariamente - afinal de contas, um país inteiro está jejuando. Você tem idéia do que isso significa? Eu ainda não tenho, mas estou prestes a descobrir. E já que o propósito deste blog é compartilhar esperiências cotidianas, eu pensei que seria interessante compartilhar com os amigos algumas novas compreensões, surpresas, curiosidades, e o que mais acontecer. Vou tentar escrever todos os dias, pelos próximos 30 dias, então, fique de olho.

Se você ficou interessado no tema, você pode ler um pequeno artigo no site da Al Jazeera (em inglês). Se você quiser mais informação, ou não lê em inglês, visite a Wikipedia em português.

Para deixar bem claro, não é minha intenção, nem promover, nem combater o Ramadã. Vamos ter uma mente & um coração abertos e estar abertos aos diálogo & a tolerância. =)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bom final de semana!


Você está chegando em casa depois de um longo dia, exausta, com sede e com fome - e qual a sua minha compensa por tudo isso?

Isto: 

 

Curta o final de semana! (Não, não tô adiantada. O final de semana é a sexta-feira. As pessoas trabalham de sábado a quinta, então meu final de semana é amanhã. =P)

domingo, 8 de julho de 2012

Dias como este


Foi Van Morrison que cantou primeiro:

Quando ninguém pisa nos meus sonhos; 
Haverão dias como este
Quando as pessoas entendem o que quero dizer
Haverão dias como este
Quando você consegue realizar as mudanças
de como tudo é
Bem, mamãe me contou
Haverão dias como este. 

Dias como este:

- você acorda atrasada e morrendo de fome, mas você se lembra de todos os verbos e conjugações no presente e passado no quiz da aula de árabe;
- você tem que andar, tomar um taxi, metrô linha 1, metrô linha 2, outro taxi pra se encontrar com umas pessoas muito bacanas que estão indo embora. Você chega lá, não para de misturar alemão e árabe, mas sai restaurada. Agora, é hora de voltar, todo o caminho de volta: taxi-metro-metro-taxi-caminhada e nenhum taxista tenta passar você pra traz; \O/
- você mal se sentou no metrô, mas uma mamãe com um bebê entra em seu vagão. Você dá seu lugar a ela, as pessoas ficam comovidas e levam sua mochila pra você (elas sempre ficam comovidas, é tão bacana). O bebê tem uma irmã mais velha, a irmã tenta falar com você e não liga pro seu árabe mequetrefe (ponto alto do dia!). Você compra biscoitos gostozinhos de um vendedor ambulante no metrô que custam 50 centavos (menos de R$0,20) e as pessoas até lembram você que você tem que descer na próxima estação... (neste ponto eu já estava sonhando acordada?)

Então, há dias como este!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

¡Viva La España!


Para deixar bem claro que estou por dentro do que está acontecendo mundo afora, alguns exemplos:

O CLUBE ATLÉTICO MINEIRO está agora em PRIMEIRÍSSIMO lugar no Brasileirão.  \O/ Gaaaallloooooo!!!! 

A Espanha ganhou a Eurocopa 2012, derrotando a Itália. Foi tudo de bom:

- A Itália é um adversário tradicional da seleção brasileira;
- A Itália eliminou a Alemanha, que eu estava torcendo antes;
- Eles ganharam dos Azuris de 4 - 0;
- Posso comemorar com a Taiana & o Rober, que estão morando na Espanha e compartir de vostra felicidad! 


Então, isto é para lembrar a canção que cantei na festa de casamento deles (é em francês, mas o que importa é sentir como a atmosfera espanhola é mágica...)




quinta-feira, 28 de junho de 2012

Andando por aí


Quando o choque cultural começa passar (ou você pensa que está passando), a gente começa a querer fazer escolhas mais conscientemente. Você sabe como é: as pessoas dizem pra você fazer deste ou daquele jeito, mas algo lá no fundo insiste que você deveria tentar outra coisa.

Eu amo caminhar. Mas meu gosto contradiz todos os conselhos que eu ganho. Já que eu não sei dirigir, tenho de usar o transporte público. Para estrangeiros, isto significa ir de taxi em todo lugar - ou até a estação de metrô mais próxima. Bem, eles não estão errados: se você, como eu, não fala árabe direito, não conhece o lugar ainda; quando você não tem idéia de aonde os ônibus e bondes estão indo (porque não existe informação em lugar nenhum disto - nem no ponto, nem nos ônibus. Você tem de perguntar), aí você tem de ir de taxi.

O povo, ao contrário, vai de trem ou de bonde. Embora o preço dos taxis seja mais barato aqui do que em qualquer outra capital do maundo (certamente incluindo Belo Horizonte), não é viável pras pessoas irem ao trabalho ou a escola todos os dias de taxi. E também, eles sabem como usar todos os meios de transporte público, os quais incluem também tuk-tuks e caminhões pau-de-arara.

Cadê as caminhadas nisto tudo? Em lugar nenhum. Ninguém parece conseguir caminhar 10 minutos ou 1 Km. E com certeza, não meus 40 minutos de caminhada para ir a escola de árabe (ida e volta, 80'). O que pode causar problemas - ou render uma história engraçada.

Saía do trabalho as 18:00, quando percebi que eu não tinha dinheiro suficiente para o taxi. Depois de considerar as opções (e desconsiderá-las em seguida), olhei o céu... o sol não tá tão forte e eu gosto de caminhar, pensei. Então decidi voltar andando pra casa e calculei que eu gastaria mais ou menos uma hora. Eu nunca tinha feito isto antes, mas eu tinha um mapa, certo? É... até eu chegar numa rotatória com tantas ruas cruzando-a, que eu fiquei confusa qual delas eu deveria seguir (não, não era só seguir reto). E aí as pessoas começaram a me dizer para seguir o trilho do bonde.

Que é o que eu pensei que eles estavam me dizendo. Toda vez que eu parava pra perguntar, o conselho era sempre o mesmo. Até que o trilho terminou e eu acabei num lugar nada a ver - e fiquei completamente perdida.

Luciana volta todo o caminho. E então eu decidi perguntar mais uma vez (afinal, eu já estava andando por uma hora e meia!). Uma família estava sentada na calçada e quando eu pedi instruções, causei uma comoção.  "Habibiti, é muito longe! você não pode ir andando!" - disse a mãe. Ela parou uma mulher na rua, que sabia falar inglês e esta também ficou estupefata. Não vá andando, pegue o bonde, ela aconselha. Ok, agora eu entendo. O tempo todo, eu não deveria seguir o trilho do bonde, mas pegar o bonde! 



Bem, tive que tomar o bonde. Já estava ficando escuro... e era uma nova experiência, de qualquer maneira. Daí, aprendi duas coisas: como pegar o bonde e porque os estrangeiros provavelmente não usam o bone. Você só vai pegá-lo por acaso. Eu esperei meia hora pelo bonde e só gastei 5 minutos até chegar ao  ponto que deveria descer. Então, se ele vem, pegue o bonde. Se não, vá de taxi. Ou caminhe - eu ainda não desisti. =P

sábado, 23 de junho de 2012

Ao ar livre



Queria postar alguma coisa sobre estar ao ar livre. O trabalho vai bem e aprender árabe é mais difícil do que eu pensei que seria, mas apesar de ainda estar tentando achar o meu próprio jeito de fazer as coisas aqui e já há algumas coisas que eu amo.

Uma delas é assistir o por do sol - embora eu não faça isso muito frequentemente. Povo, é o por do sol mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. Eu achava que as cores eram manipuladas eletronicamente, mas inexplicavemente é de verdade: as cores são manificentes, criando tonalidades que eu nunca sonhei que existissem. Vejam a luz somente... tão poderosa em qualquer hora do dia, mas durante o por do sol parece criar um tipo de transparência. E o sol majestosamente se pondo no horizonte sempre me deixa sem palavras. Maravilha. Espanto. Nunca sei o que é mais forte: se quero contemplar ou seguir o sol.

Minha foto é nada. Mas eu fui ontem ao deserto pela primeira vez e queria compartilhar com vocês. A experiência foi muito boa, espero que eu tenha muito mais pores do sol bonitos pra vocês. :)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Voltando

Sem internet em casa, não se tem muita escolha, mas não atualizar um blog - especialmente quando você tem tanto ra fazer em termos da sua adaptação em um novo lugar. Mas não se desesperem, pessoal: eus estou de volta! =P

Há algumas fotos bacanas no meu celular, mas devido a razões técnicas, eu não serei capaz de mostrá-las agora. Então, fique com um gostinho do meu aniversário: foi tãaao legal! Eu até ganhei um bolo de chocolate caseiro à moda brasileira. Luxo puro (e o sabor... hmmm). Conheçam também o Bingo, a nova estrela canina internacional. [rs]


Se você tem curiosidades ou perguntas, deixe-me saber via comentários ou e-mails. Eu tenho tantas idéias para escrever, que fico sem saber como começar ou qual assunto escolher. =) 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sã e Salva


Cheguei bem, nunca tive um vôo e conexões tão tranquilas como desta vez e tudo aconteceu sem problemas nenhum. Fui recebida no aeroporto com flores e pessoas maravilhosas, sou hóspede de uma familia maravilhosa, tenho uma chefe bondosa, e (bonus!) adotei o cachorro da famíliga, Bingo!

Tô feliz.  =)


sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pequenas coisas, importantes acontecimentos


É óbvio que passei os últimos meses me despedindo de todo mundo e de todo lugar. Entretanto, há duas razões (além da recomendação de que é importante realmente “deixar seu lar para trás”, como eu escrevi anteriormente AQUI). Primeiro, nas outras duas vezes em que estive no exterior, eu deixei muitas coisas não resolvidas no Brasil. Estas pendências foram prejudiciais pra mim e eu queria que desta vez não houvesse nada me prendendo. Em segundo lugar, e isto talvez seja uma consequência do primeiro desejo, eu queria terminar um ciclo em minha vida. Pode ser que eu esteja perto dos trinta e tenha este sentimento de uma nova fase na vida. Pareceu-me correto e eu acho mesmo que foi a melhor escolha que eu fiz.

Assim, pela última vez, alguns destaques das últimas despedidas nas últimas semanas:

·         Na Grande Festa de Despedida, eu ganhei duas plantinhas. Eu achei isso muito interessante, porque elas eram muito bonitas, mas quem me deu, não se preocupou que eu as curtiria apenas durante duas semanas, já que eu não posso levar nenhum vaso de plantas comigo. Elas foram emblemas de amizade que eu realmente apreciei (e graças ao meu pai, elas estão em boas mãos!);
·         Fui num último jogo do GALO (!!!!!!), e apesar da gente ganhar de 3 a 0 não foi um dos melhores jogos. Mas foi um momento muito gostoso com os primos, o irmão e sua namorada, além de poder tirar um tempinho livre no meio do caos organizatório dos finalmentes;


·         Uma semana depois, mamãe fez um almoço de família para cinquenta pessoas. Até o meu avô (!) estava lá, o que fez deste um dos momentos mais importantes; 
·         Eu fui a casa da minha avó fazer “Biscoito Cinco Pratos”, que, pra quem não conhece é uma quitanda mineira. Uma delícia, além de um MOMENTO MARAVILHOSO com uma MULHER MARAVILHOSA;
·         Houve outro bota-fora – que foi muito legal. Como em todas as festas, tiramos fotos, sorrimos, nos abraçamos, rimos e eu estou muito grata por todos os amigos e parentes maravilhosos que eu tenho;
·         Fui com meus pais e meus irmãos jantar fora – deliciosos peixe com batata-frita (e Guaraná Antártica, é claro);
·         Telefonei, conversei, enviei e-mails e mensagens de cellular a muitos amigos – mas não consegui falar nem com metade dos amigos com os quais eu queria ter um último dedo de prosa;
·         Comi um ultimo crème de acai, um último pasté’ co’ cal’ di can’ (pastel com caldo de cana) com meu irmão, um último pã-di-queij co’ c’fé (pão de queijo com cafezinho coado) com a minha mãe;
·         Mamãe tirou dois dias de folga no trabalho pra ficar comigo. Nada poderia coroar melhor esta temporada do que isto. Sem sua ajuda, eu não conseguiria voar.

Bem, vocês podem perceber que eu tentei muito concentrar-me nas pessoas (e na comida, mas esta última não foi intencional – veio por causa dos encontros com as pessoas).

Post muito grande – escreverei mais da próxima vez sobre planos futuros e grandes expectativas! =)