terça-feira, 24 de julho de 2012

Diário do Ramadã #5

As cores do Ramadã são azul, verde, laranja e amarelo. De 20 a 15 dias que antecede o primeiro dia, as pessoas começam a decorar por dentro e por fora.

Prédios residenciais são decorados:



Assim como as lojas. Algumas delas ficam parecendo enormes tendas (ainda não consegui tirar fotos de uma delas, mas tentarei ainda no futuro):




Este motivo decorativo é chamado de "Khamyameyya". Lanternas também são usadas em todo lugar: janelas, carros e em qualquer lugar que você puder pendurar uma. 



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Diário do Ramadã #4


Vários guias de viagem não aconselham viajar durante o Ramadã. O Guia "Lonely Planet" explica: "Durante o mês mulçumano de jejum, muitos cafés e restaurantes ficam fechados durante o dia, enquanto que atrações turísticas e órgãos do governo funcionam em horário reduzido e, as vezes, horários irregulares. Com certeza, para mochileiros de plantão ou para qualquer um que vá pela primeira vez em um lugar que nunca estiveram, não é uma boa época. Porém, para aqueles que vivem em países em que a maioria está viajando, é uma boa opção para...



... colocar o pé na estrada. Já que as pessoas devem se dedicr a oração, não é hora para sair de férias e, portanto, os preços das acomodações e passeios se tornam bem acessíveis. ;-)



Se você vai de pensão completa, a lua nova será a única lembrança de que o Ramadã começou.

A Dança Sufi vai ficar descontextualizada. É inacreditável quanta maestria o dançarino tem, mas nesta época do ano é uma coisa meramente turística. (Por que? Leia sobre Dança Sufi AQUI ou espere até eu escrever sobre Sufismo algum dia...)

Bem, pra nós que não estamos participando, vamos curtir e dançar:


Dança Folclórica - Povos do Deserto 


Dança Folclórica - Pescadores 


Dança Folclórica - Sei lá. 

domingo, 22 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #3


As Olimpíadas estão chegando e eu fiquei pensando como é que os atletas mulçumanos iriam lidar com o jejum. A Al Jazeera publicou uma reportagem interessante sobre o tema (em inglês):




Se você não conseguiu entender muito bem, os pontos principais:

  • É a primeira vez em 32 anos que o Ramadan cai no meio do verão e coincide com as Olimpíadas; 
  • Maher Abu Rmeileh, judoca palestino, disse que estudiosos foram consultados e afirmaram que, se você está representando o seu país em uma missão, então você está liberado para acrescentar os dias que você perdeu, quando retornar, afinal o Ramadan é jejum e oração; 
  • Para aqueles competindo num time, além de pensar na performance própria, é preciso considerar como o jejum de um jogador, pode influenciar na performance coletiva. Darren Cheesman, jogador britânico de rockey, afirma que sempre jejua o máximo que pode durante o Ramadan e que se percebe que o jejum está afetando o time, come e bebe alguma coisa, com o cuidado de acrescentar os dias perdidos no final. 
  • As seleções do Egito foram todas oficialmente liberadas do jejum durante o período dos jogos; 
  • Matt Lovell, nutricionista de atletas de alto nível, afirma que jejuar pode alterar drasticamente de modo negativo a performance dos atletas (especialmente pela atividade em si ser altamente dependente da ingestão de carboidratos e da hidratação), afirmando que estes nem estariam de fato na competição, principalmente se eles se abstém de comida e bebida. 
Mas de modo geral, parece que o mesmo princípio aplicado às grávidas e às pessoas doentes pode ser aplicados aos atletlas (comentário meu). 


sábado, 21 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #2


O principal conselho que as pessoas deram para a época do Ramadã foi não comer ou beber nos espaços públicos durante o período de jejum. Apesar de muitos de nós não estarem jejuando, é um sinal de respeito com aqueles que estão.

Ontem não foi muito difícil, porque saí de casa de manhã para encontrar uma amiga. Depois, ela me deu uma carona de volta pra casa. Aí eu sai de novo para uma noite de jogos na vizinhança e voltei pra casa. Foi fácil, fácil evitar beber água em minhas aparições públicas.

Mas hoje eu queria sair pela cidade no estilo "mochileiro", isto é, um mapa na mão e muita curiosidade de visitar lugares não-turísticos. Sem água, foi difícil. E eu comecei a ficar com uma fome... Finalmente, acabei num paraíso até então desconhecido - uma livraria maravilhosa, provavelmente a melhor da cidade. E eles tinham um banheiro limpo (bem a moda brasileira, uma raridade!). Então eu pude refrescar e beber quase toda a água carregada na mochila. E eles também tinham um jardim. Então, eu confesso, fui ao jardim surrupiar a comida que eu tinha trazido de casa.

Se é no Ramadã, você acaba jejuando junto de todo mundo - involuntariamente. =)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Diário do Ramadã - #1


Ramadã é o mês mulçumano do jejum. Você deve estar se pergunto por que, se eu não sou mulçumana, estou escrevendo um Diário do Ramadã. É porque o Ramadã não é algo que você pratica se tem vontade. Não é como a Quaresma, nos países ocidentais, na qual você até acha que pode escolher o que é que você vai viver sem no período de jejum (como, comer carne, mas abster-se de chocolate, porque você é chocólatra e vai ser muito mais difícil de viver sem cacau nas suas veias do que sem carne - pelo menos essa é a desculpa comumente oferecida, se alguma é pensada). O Ramadã é obrigatório. Portanto, começando hoje, o mundo tem uma grande parte de sua população em jejum. Pode influenciar mais a nossa vida, do que você e eu jamais pensamos a respeito. ;-)

Agora, já que estou vivendo na tal de MENA (sigla para Oriente Médio e Norte da África), isto vai influenciar, mudar e desafiar a minha vida diariamente - afinal de contas, um país inteiro está jejuando. Você tem idéia do que isso significa? Eu ainda não tenho, mas estou prestes a descobrir. E já que o propósito deste blog é compartilhar esperiências cotidianas, eu pensei que seria interessante compartilhar com os amigos algumas novas compreensões, surpresas, curiosidades, e o que mais acontecer. Vou tentar escrever todos os dias, pelos próximos 30 dias, então, fique de olho.

Se você ficou interessado no tema, você pode ler um pequeno artigo no site da Al Jazeera (em inglês). Se você quiser mais informação, ou não lê em inglês, visite a Wikipedia em português.

Para deixar bem claro, não é minha intenção, nem promover, nem combater o Ramadã. Vamos ter uma mente & um coração abertos e estar abertos aos diálogo & a tolerância. =)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bom final de semana!


Você está chegando em casa depois de um longo dia, exausta, com sede e com fome - e qual a sua minha compensa por tudo isso?

Isto: 

 

Curta o final de semana! (Não, não tô adiantada. O final de semana é a sexta-feira. As pessoas trabalham de sábado a quinta, então meu final de semana é amanhã. =P)

domingo, 8 de julho de 2012

Dias como este


Foi Van Morrison que cantou primeiro:

Quando ninguém pisa nos meus sonhos; 
Haverão dias como este
Quando as pessoas entendem o que quero dizer
Haverão dias como este
Quando você consegue realizar as mudanças
de como tudo é
Bem, mamãe me contou
Haverão dias como este. 

Dias como este:

- você acorda atrasada e morrendo de fome, mas você se lembra de todos os verbos e conjugações no presente e passado no quiz da aula de árabe;
- você tem que andar, tomar um taxi, metrô linha 1, metrô linha 2, outro taxi pra se encontrar com umas pessoas muito bacanas que estão indo embora. Você chega lá, não para de misturar alemão e árabe, mas sai restaurada. Agora, é hora de voltar, todo o caminho de volta: taxi-metro-metro-taxi-caminhada e nenhum taxista tenta passar você pra traz; \O/
- você mal se sentou no metrô, mas uma mamãe com um bebê entra em seu vagão. Você dá seu lugar a ela, as pessoas ficam comovidas e levam sua mochila pra você (elas sempre ficam comovidas, é tão bacana). O bebê tem uma irmã mais velha, a irmã tenta falar com você e não liga pro seu árabe mequetrefe (ponto alto do dia!). Você compra biscoitos gostozinhos de um vendedor ambulante no metrô que custam 50 centavos (menos de R$0,20) e as pessoas até lembram você que você tem que descer na próxima estação... (neste ponto eu já estava sonhando acordada?)

Então, há dias como este!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

¡Viva La España!


Para deixar bem claro que estou por dentro do que está acontecendo mundo afora, alguns exemplos:

O CLUBE ATLÉTICO MINEIRO está agora em PRIMEIRÍSSIMO lugar no Brasileirão.  \O/ Gaaaallloooooo!!!! 

A Espanha ganhou a Eurocopa 2012, derrotando a Itália. Foi tudo de bom:

- A Itália é um adversário tradicional da seleção brasileira;
- A Itália eliminou a Alemanha, que eu estava torcendo antes;
- Eles ganharam dos Azuris de 4 - 0;
- Posso comemorar com a Taiana & o Rober, que estão morando na Espanha e compartir de vostra felicidad! 


Então, isto é para lembrar a canção que cantei na festa de casamento deles (é em francês, mas o que importa é sentir como a atmosfera espanhola é mágica...)




quinta-feira, 28 de junho de 2012

Andando por aí


Quando o choque cultural começa passar (ou você pensa que está passando), a gente começa a querer fazer escolhas mais conscientemente. Você sabe como é: as pessoas dizem pra você fazer deste ou daquele jeito, mas algo lá no fundo insiste que você deveria tentar outra coisa.

Eu amo caminhar. Mas meu gosto contradiz todos os conselhos que eu ganho. Já que eu não sei dirigir, tenho de usar o transporte público. Para estrangeiros, isto significa ir de taxi em todo lugar - ou até a estação de metrô mais próxima. Bem, eles não estão errados: se você, como eu, não fala árabe direito, não conhece o lugar ainda; quando você não tem idéia de aonde os ônibus e bondes estão indo (porque não existe informação em lugar nenhum disto - nem no ponto, nem nos ônibus. Você tem de perguntar), aí você tem de ir de taxi.

O povo, ao contrário, vai de trem ou de bonde. Embora o preço dos taxis seja mais barato aqui do que em qualquer outra capital do maundo (certamente incluindo Belo Horizonte), não é viável pras pessoas irem ao trabalho ou a escola todos os dias de taxi. E também, eles sabem como usar todos os meios de transporte público, os quais incluem também tuk-tuks e caminhões pau-de-arara.

Cadê as caminhadas nisto tudo? Em lugar nenhum. Ninguém parece conseguir caminhar 10 minutos ou 1 Km. E com certeza, não meus 40 minutos de caminhada para ir a escola de árabe (ida e volta, 80'). O que pode causar problemas - ou render uma história engraçada.

Saía do trabalho as 18:00, quando percebi que eu não tinha dinheiro suficiente para o taxi. Depois de considerar as opções (e desconsiderá-las em seguida), olhei o céu... o sol não tá tão forte e eu gosto de caminhar, pensei. Então decidi voltar andando pra casa e calculei que eu gastaria mais ou menos uma hora. Eu nunca tinha feito isto antes, mas eu tinha um mapa, certo? É... até eu chegar numa rotatória com tantas ruas cruzando-a, que eu fiquei confusa qual delas eu deveria seguir (não, não era só seguir reto). E aí as pessoas começaram a me dizer para seguir o trilho do bonde.

Que é o que eu pensei que eles estavam me dizendo. Toda vez que eu parava pra perguntar, o conselho era sempre o mesmo. Até que o trilho terminou e eu acabei num lugar nada a ver - e fiquei completamente perdida.

Luciana volta todo o caminho. E então eu decidi perguntar mais uma vez (afinal, eu já estava andando por uma hora e meia!). Uma família estava sentada na calçada e quando eu pedi instruções, causei uma comoção.  "Habibiti, é muito longe! você não pode ir andando!" - disse a mãe. Ela parou uma mulher na rua, que sabia falar inglês e esta também ficou estupefata. Não vá andando, pegue o bonde, ela aconselha. Ok, agora eu entendo. O tempo todo, eu não deveria seguir o trilho do bonde, mas pegar o bonde! 



Bem, tive que tomar o bonde. Já estava ficando escuro... e era uma nova experiência, de qualquer maneira. Daí, aprendi duas coisas: como pegar o bonde e porque os estrangeiros provavelmente não usam o bone. Você só vai pegá-lo por acaso. Eu esperei meia hora pelo bonde e só gastei 5 minutos até chegar ao  ponto que deveria descer. Então, se ele vem, pegue o bonde. Se não, vá de taxi. Ou caminhe - eu ainda não desisti. =P

sábado, 23 de junho de 2012

Ao ar livre



Queria postar alguma coisa sobre estar ao ar livre. O trabalho vai bem e aprender árabe é mais difícil do que eu pensei que seria, mas apesar de ainda estar tentando achar o meu próprio jeito de fazer as coisas aqui e já há algumas coisas que eu amo.

Uma delas é assistir o por do sol - embora eu não faça isso muito frequentemente. Povo, é o por do sol mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. Eu achava que as cores eram manipuladas eletronicamente, mas inexplicavemente é de verdade: as cores são manificentes, criando tonalidades que eu nunca sonhei que existissem. Vejam a luz somente... tão poderosa em qualquer hora do dia, mas durante o por do sol parece criar um tipo de transparência. E o sol majestosamente se pondo no horizonte sempre me deixa sem palavras. Maravilha. Espanto. Nunca sei o que é mais forte: se quero contemplar ou seguir o sol.

Minha foto é nada. Mas eu fui ontem ao deserto pela primeira vez e queria compartilhar com vocês. A experiência foi muito boa, espero que eu tenha muito mais pores do sol bonitos pra vocês. :)