sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Beleza está no olhar do espectador

Você olha para esta foto e, provavelmente, não vê muita coisa:


Eu vejo um magnífico céu nublado, prontinho pra desabar (em um ano eu vi chuva apenas seis vezes). E neste dia, eu me lembro, eu não consegui chegar em casa a tempo, antes da chuva cair. E veio pesada. Um chuva muito fria, misturada com poeira. Uma experiência pra lembrar a vida toda. 

Eu não vejo as barricadas ou o muro bloqueando o trânsito, para proteger o palácio presidencial do povo. Eu não vejo os canhões do exército apontando para as pessoas que eles deviam proteger. Nenhum soldado enfileirado, como uma ameaça a seu próprio povo. 

Eu vejo os carros indo e vindo numa sexta-feira de manhã. Numa rua que é normalmente lotada, eu não vejo um congestionamento. 

Lindo!  

quarta-feira, 15 de maio de 2013

domingo, 12 de maio de 2013

sábado, 11 de maio de 2013

O post anterior


Acho que eu preciso aprender como escrever um blog de novo. O post anterior foi um pouco confuso. =/ Então aqui vai uma explicação [gráfica] para o não-explicado no último anterior.

Primeiro, eu suponho que tenha feito mais que a média do brasileiro faz para celebrar a Páscoam nas aqui, além dos 55 dias de Quaresma, durante a Semana Santa, as pessoas vão a igreja todos os dias. Daí, na Quinta-Feira tem o Lava-Pés, em que as pessoas de fato lavam seus pés. Na "Grande Sexta-Feira" (como é a tradução do árabe), o dia de lembra que Jesus foi crucificado, as pessoas se vestem de preto e bebem vinagre (como Jesus fez, porque pediu água na cruz, mas lhe foi dado vinagre). Entao, às 00:00 o jejum é quebrado com boa comida! Há também a Segunda-Feira de páscoa, que é um feriado nacional, desde a Antiguidade, e as pessoas comem peixe, ovos coloridos, visitam os amigos e  vestem roupas novas.

Este é o artesanato de "ramos" que nós penduramos na porta no "Domingo de Ramos". É super tradicional.




Esta é a igreja que se parece com uma sinagoga - mas também se parece com uma mesquita. Só a arquitetura externa.


Para concluir, este ano eu assei um "Simmel Cake" quadrado (não tenho uma forma redonda). E já que eu não consegui achar ovos ou bolinhas de chocolate, eu coloquei 11 pedaços de chocolate para representar os discípulos. Minha interpretação do "Simmel Cake" em 2013:

domingo, 5 de maio de 2013

Primeiro Aniversário e Feliz Páscoa


O título dese post me pertuba. Cada parte dele merece per si um post. Mas sem internet no último mês (ou meses?), não tive oportunidade (e paciência) de escrever muito. 

Sem reclamações, entretando, porque eu peguei emprestado a internet USB de Madame Adrienne e agora - eis-me aqui! \O/ Merci beaucoup a ela. 

Então, 5 de maio, e hoje é Páscoa nesta parte do mundo. Já escrevi minha "Ode a Páscoa" no último ano, mas eu nunca ia saber na época, que nesta cidade super internacional, eu celebraria a Páscoa duas vezes neste ano. Nada mal.

Caso você esteja curioso de saber porque das duas vezes, é o seguinte: a Igreja Ocidental (como os Protestantes e os Católicos Romanos) e a Igreja Oriental (como a Igreja Ortodoxa, a Igreja Copta e várias pequenas denominações no Oriente Médio) tem calendários litúrgicos diferentes. Alguns cristãos ocidentais que vivem no Oriente querem celebrar as ocasiões especiais de acordo com o calendário deles. Pessoalmente, pra mim tanto faz quais são as datas, conquanto nós celebremos, então eu estou mais que contente de comemorar o Natal e a Páscoa duas vezes.

E pode ser minha impressão apenas, mas me parece que a Páscoa aqui é algo maior que o Natal. Bem, eu não fiz muita coisa , além de botar os Ramos na minha porta (os quais, na verdade, foram colocados pela dona do apartamento) e lavar os meus pés numa igreja que parecia mais uma sinagoga. Entretanto, eu cantei na Igreja o lindo "Laudate Dominum" (a peça é linda; se eu cantando fica decente é outra história) e, depois de ligar pra família no Brasil e de algumas bandejas de muffins, tô fazendo meu "Simmel Cake".  Bem, você pode duvidar disso, já que estou digitando este post, mas eu estava cansada de ficar de pé na cozinha quente e decidi vir escrever um pouquinho. =P

Ele verdadeiramente ressuscitou! Aleluia!!
Feliz Páscoa!!!

Ouça para inspiraração: 


sábado, 9 de março de 2013

A Experiência do Deserto


Sempre me perguntei como seria a vida no deserto. Toda vez que via uma foto num livro de Geografia ou via uma reportagem mostrando o deserto e aquelas cidades no meio do... nada e não-existência, isto é, aquiele oceano de areia, como eu chamava na minha cabeça - como seria? É claro que nunca sequer sonhei que um dia eu estaria aqui. O Extremo Oriente sempre foi o que eu tinha em mente. A labuta  diária sem fim de uma metrópole japonesa ou as cenas bucólicas com templos budistas ao fundo no Nepal ou no Camboja eram o que eu imaginava para mim mesma. 

Quando soube que eu viria mesmo morar aqui, fiquei num estado de deslumbramento. De muitas formas é como se o deserto não estivesse por perto. A vida na maior parte do ano não é como se eu vivesseno meio do deserto, mas é o tumulto e as oportunidades infinitas de uma cidade que tem mais de 20 milhões de habitantes. Gosto de dizer que você pode encontrar qualquer coisa aqui - você só precisa descobrir onde fica seu "Sésamo" (se você pode pagar pelos seus desejos, isto é outra história). 

Entretanto, você não pode ignorar que o deserto te rodeia - ele vai certificar-se de que você não o ignore. Uma das primeiras coisas que aprendi é que você se acostuma a ter pó em todo lugar. Seu dia-a-dia será acompanhado daquela camada onipresente de poeira. Também na minha primeira semana, tivemos uma tempestade de areia. Eu estava ainda na lua-de-mel com o país, então achei muito bonito ver os prédio e as pessoas como se eu estivesse usando lentes alaranjadas.



Dado a uma combinação do deserto rodeando você (o qual compõe a maioria dos terrenos do país) e a localização do país no globo, você vai achar que é impossível sobreviver o final da primavera e todo o verão.

Há recompensas, entretanto. Muito cedo, pela manhã, uma esplêndida luz invade sua morada. Os raios de sol entram e te acordam gentilmente de manhã bem cedinho. Quando o sol se põe, como dois amantes dizendo adeus, ele ama a cidade ferventemente e revela arquiteturas primorosas de fulgores e cor. Nunca soubre, quando chamei este blog de "Em Busca Por Um Por do Sol" que eu encontraria tantos "pores de sol" definitivos aqui.


Continua. =) 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Novo amigo


Acabei de travar conhecimento com um amigo do século XIX... mas ele não é um vampiro! Quem me dera... Queridos leitores, gostaria de aprsentá-los:





Seu nome é Wackel-Orgel. Um amigo tão grandão, que a câmera não conseguiu pegá-lo todo. Seu som é inacreditável. Surpreendente. E estar cantando lá, com a música poderosa de J.S. Bach ao meu redor, o sentimento é de ser abraçada por um bom amigo. 

Quem poderia prever que eu encontraria tais prazeres no Oriente Médio? ;-) 

A vida é as vezes imprevisível - e eu gosto do lado positivo disto. 

- Quem diria que eu teria uma maravilhosa colega de república asiática? (mesmo que as vezes pareça que eu seja tão asiática quanto ela);
- Quem diria que eu encontraria uma alma iluminada no prédio que acorda ouvindo a trilha sonora de Amélie?
- Quem diria que eu encontraria uma professora de canto bacana e cantaria mais do que jamais cantei no Brasil? E especialmente que eu estaria cantando num festival de jazz em algumas semanas? =P 
- Quem diria que eu iria a um concerto de Música Antiga aqui, o qual foi um dos melhores que eu jamais assisti?
- Quem diria que, um dia, eu daria aulas de Teatro Musical? E que dirigiria um Musical? O.O

Que é que vem depois? 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Foodie


Durante os anos de ditadura militar no Brasil (1964 - 1989), os jornais constumavam publicar receitas de comida protestando contra a censura. Tanto pra contar,mas ter de ficar calado.

Chegou a hora de falar sobre comida. Hoje vocês serão apresentados a deliciosa cozinha local!

Primeiro é importante esclarecer que não há uma "haute cuisine" aqui. Entretanto a produção local de legumes e frutas é soberba e compensa quaisquer exigências. Falando por mim, sendo mais uma fã da tendência terroir que de comer pagando caro, estou 100% satisfeita.

Não cozinhei nada que está aí embaixo - só tirei as fotos, todas elas com câmera ruim de celular. As transliterações não são oficiais - baseie-me na pronúncia apenas, então leia como se você estivesse lendo português.

Ful



Este prato é tem como base os feijões fava e é geralmente servido no café-da-manhã com o pão local. Você pode adicionar salsichas ou ovos cozidos se quiser algo mais substancial. Os temperos e condimentos comunmente usados são sal, alho, pimenta-do-reino, cominho e salsinha.

My verdict: um dos meus favoritos para ser comido a qualquer hora do dia. Eu já até tenho minha banca de rua favorita para ser abastecida de ful, mas parece que muitas pessoas concordam comigo, porque eles começam vender às 7 horas da manhã e na hora do almoço já acabou todo o ful. =P

Arroz

Esta é uma foto de arroz, não de pudim de arroz! Inacreditável como as pessoas aqui conseguem "montar" o arroz deste jeito e ainda, com algum segredo passado de geração a geração e que os brasileiros aqui residentes ainda não descobriram, quando você serve seu arroz, ele se esparrama soltinho no prato. A cor amarelada é de alguma maneira relacionada aos "caipiras", como uma amiga me explicou. Os/As cozinheiros/as da capital servem um arroz alvejadamente branco. 

Meu veredicto: Tenho uma forma de arroz aqui no apê e não sabia que era pra "montar o arroz", mas achei que fosse pra assar pudim! O arroz aqui é um problema para os brasileiros que querem soltinho como os locais gostam, mas nós somos de alguma maneira incapazes de obter os mesmos resultados com os mesmos produtos (é engraçado ouvir uma conversa sobre arroz - qual é a melhor marca, o tipo, blablabá que não vai deixar o arroz empapado).  As cozinheiras que perguntei qual é o segredo me disseram que elas fritam o arroz no óleo antes de colocar água, mas isso é exatamente o que fazemos em Minas Gerais. O arooz local é muito gostoso e é tanto a base de vários pratos, como o acompanhamento. Eu prefiro o estilo "caipira" e gosto mais do arroz dourado. Aditivos que deixam o arroz branco são um grande 'não' pra mim. 

Uarac Aineb
 

Um rolo recheado de arroz e envolto em folhas de parreira. Você vai achar tanto a versão vegetariana com arroz apenas - e algumas ervas - mas também pode pedir/fazer com frango ou carne moída. É temperado com molho de tomate, cebola, suco de limão (o limão daqui é o verdinho e pequenininho como no Brasil), sal, pimenta do reino e cominho. 

Meu veredicto: outro favorito. É tão bacana ver as folhas de parreira sendo vendidas no mercado, uma prova de que nada na Natureza precisa ser desperdiçado. Também gosto do fato que a comida do dia a dia leva pouca carta, de um jeito que fica balanceada, mas sem a necessidade de exagerar nenhum ingrediente. Entretanto, não tenho nenhuma motivação pra preparar meus próprios rolinhos - a idéia de trabalhar com as folhas de parreira me parece tarefa hercúlea para uma pessoa desastrada como eu.

Molho de Iogurte (com frando assado no fundo)


Comi diversos molhos de iogurte sem ser atraída por nenhum em particular. Gostei de todos, no entanto, e espero que saiba fazer um ou dois molhos quando deixar o país.

Meu veredicto: embora os molhos sejam deliciosos e eu goste de ter algo cremoso em cima da salada que não seja queijo - apenas para o efeito da variação - eu confesso que tinha idéias românticas sobre iogurtes no Oriente Médio. Todos os iogurtes que encontrei até agora tem uma lista de ingredientes mais parecida com elementos da tabela periódica que coisas que você esperaria encontrar num livro de receitas. A parte positiva é que eu posso comprar um pode de 1 kilo de iogurte natural. 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Feliz Dia de Ação de Graças!


Escrevi sobre meu gosto por relacionar tradições e comida por ocasião da Páscoa. Não tendo uma razão para fazer nenhuma conexão com o Dia de Ação de Graças americano, mas querendo provar uma torta de abóbora, assei algumas tortas e elas se tornaram "a favorita" de alguns amigos.

Hoje eu tive a oportunidade de descobrir como um tradicional Dia de Ação de Graças é. Então, em eio aos conflitos entre Israle e Gaza, as manifestações na Jordânia e a situação não resolvida da Líbia, eu:

- comi carne de peru pela primeira vez;
- compartilhei com uma amiga que estava do meu lado, razões pelas quais eu estou agradecida;
- aprendi que as pessoas normalmente escrevem aos amigos para dizer que estão gratas por eles!


Então, aqui está, meus amigos, um cartão pra vocês. Obrigada a todos pela sua amizade e apoio. Amo todos vocês!!!

Clique AQUI para ver o cartão. A propósito, aquele endereço de e-mail que aparece no cartão é um endereço falso. Eu não quero spam chegando na minha caixa postal, certo?

Um muito obrigada a família que me convidou para fazer parte de suas tradições do Dia de Ação de Graças!. =)

sábado, 17 de novembro de 2012

Reminiscências


Essas fotos foram tiradas no último verão brasileiro, quase um ano atrás. Uma tarde na varanda da casa dos meus pais, a grama cheirando a sol e um importante dilema para resolver: estamos com o povo de Devon ou concordamos com os de Cornwall? (condados no sudoeste da Inglaterra) 


Uma versão tropical do "scone" de Devonshire, com geléia caseira de abacaxi. 


"Scone" de Cornwall da maneira mais tradicional, com geléia caseira de morango. 

AQUI você pode ler sobre a competição Devonshire X Cornwall (basicamente, em Devon você come os scones com geléia por cima do chantili, enquanto que em Cornwall, o chantilli vem por cima da geléia). Algumas pessoas perguntaram sobre a comida local e pediram receitas. Tô de devagar no assunto - gosto da comida locl, mas quando o assunto é cozinhar, normalmente me atenho às minhas antigas receitas. Mais que cozinhar, assar é um hobby. E ainda que soe estranaho, morando no Oriente Médio (mas também poderia soar estranho, morando na América Latina), nada é mais gostoso pra mim do que uma tarde preguiçosa com itens saídos do recém-assados e uma xícara de chá quente. (Num dia perfeito, eu teria cantado a manhã toda e vou passar a noite inteira lendo). 

Assar aqui durante o verão foi uma loucura, por causa do calor. Então eu desisti. Mas agora que as temperaturas estão diminuindo, o forno está ficando ativo pouco a pouco. Também é um sinal de que a vida está se encaixandoo fato de que o termo "caseiro" não é propaganda falsa, mas um adjetivo verdadeiro para as comidas que encontro na geladeira e no armário. 

Melhor ainda é poder compartilhar. Agora que tenho uma companheira de república, dividir bocados de gostosuras ficou muito fácil! : D E num tempo da vida quando 'tempo' é o que eu não tenho, essa brilhante idéia de 'scones' é muito atrativa. 'Scone" pode ser traduzido como 'bolinho", mas a tradução não dá conta do que ele realmente é. Ana Granziera acertadamente descreve 'scones' como algo entre pão e bolo, que são fácilmente feitos misturando todos os ingredientes com uma colher de pau e botando pra assar. 

Mas mesmo assim, quando um feriado está a caminho, ajuda muito! Ontem foi o "Ano Novo Islâmico". Um tema muito complicado, que não vou tentar explicar neste blog. Você pode ler sobre isso na Wikipedia. Interessante que não vi uma única loja fechada e muitas pessoas estavam trabalhando como um dia normal. 

Estou na expectativa de mais dias 'normais' paramim: amigos para ter boas conversas, compartilhar boa comida e boa música.